São Paulo, segunda, 30 de março de 1998

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Lévi-Strauss fotografou festa

da Reportagem Local

O escritor paulista Mário de Andrade e o antropólogo franco-belga Claude Lévi-Strauss testemunharam "in loco" a festa de Pirapora do Bom Jesus, a mesma em que Geraldo Filme aprendeu fundamentos do batuque.
Tratava-se originalmente de uma procissão religiosa, promovida pela Igreja Católica anualmente em 6 de agosto. O afluxo de devotos redundou em um apêndice "profano", de batuqueiros de chapéu de palha que dançavam e se divertiam madrugada afora.
Aí se fortalecia o formato de batuque com zabumba, caixa e chocalho, que nas mãos de homens da capital como Filme e associados a instrumentos como flauta, banjo, cavaquinho e bandolim redundariam no samba de escola paulistano (dizimado depois pelo padrão global de samba-espetáculo).
Lévi-Strauss fotografou a festa em 1937. Os textos-legenda que acompanham suas fotos em "Saudades do Brasil" (Cia. das Letras) denotam uma aproximação algo folclórica: "Uma multidão, em que predominava o sangue negro, ocupava as ruas. Grupos formavam-se ao redor de indivíduos em transe".
Falando sobre samba rural, Mário de Andrade descreve o local, onde esteve naquele mesmo ano, em "Aspectos da Música Brasileira" (Martins Editora): "A festança estava fraca (...). A principal razão da fraqueza derivou da reação dos padres e excesso de repressão policial contra a parte profana dos festejos". (PAS)



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