São Paulo, terça-feira, 30 de maio de 2006

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Crítica

Doris Day tira do limbo idéia de partilha

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Os filmes típicos de Doris Day e Rock Hudson são normalmente muito bobos. Já na época em que foram lançados, serviam a um público conservador. Hoje em dia, então, nem se fala.
Abra-se, no entanto, exceção para "Confidências à Meia-Noite" (Film & Arts, 20h), em que eles são dois seres que se odeiam e partilham, sem saber, uma linha telefônica.
A idéia de partilhar uma linha é que é fascinante. Pois cada vez menos partilhamos qualquer coisa. Usamos insulfilm nos carros para passar incógnitos, muramos nossas casas. Não existe mais essa instituição tão importante para a sociabilidade que era o televizinho. Quanto ao telefone, nem se fala: agora cada um, em sua casa, tem seu celular e não precisa haver partilha nem no ambiente familiar.
O mundo se configura cada vez mais a partir do enclausuramento. Os meios comunicantes rompem esse isolamento -mas não os corpos. Marcola e o PCC compreenderam bem sua natureza.


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