São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 2002

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CINEMA/ESTRÉIAS

"INIMIGO EM CASA"/"EM MÁ COMPANHIA"

Filmes dos diretores Harold Becker e Joel Schumacher são exibidos a partir de hoje nos cinemas de São Paulo

Cineastas medianos provam que conseguem ser ruins

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

O clássico recente "Pulp Fiction", se serviu para resgatar a carreira do então decadente John Travolta, também passou um conto-do-vigário nas platéias. Saímos do filme convencidos de que o ex-astro de "Grease" poderia ser um bom ator.
Não é. Ele funciona bem sob as rédeas curtas de bons diretores, como Quentin Tarantino, John Woo ("A Outra Face" e "A Última Ameaça"), Barry Sonnenfeld ("O Nome do Jogo") e Mike Nichols (Segredos do Poder").
Solto, com diretores fracos ou dando muitos palpites na produção, aparece com porcarias como "O Fenômeno", "Michael - Anjo e Sedutor", "Bilhete Premiado", o inigualável "A Reconquista" e este "Inimigo em Casa", que estréia hoje no Brasil.
O pior é que o diretor, Harold Becker, não é um completo imbecil. Antes disso realizou, entre outros, os decentes "Vítimas de uma Paixão" (1989) e "City Hall" (1996), ambos com Al Pacino, e "Malícia" (1993), que conseguiu arrancar uma das boas performances de Nicole Kidman.
Em "Inimigo", Travolta é um pai muito ligado ao filho único que vê sua preocupação em relação ao novo marido esquisitão da ex-mulher ser confundida com ciúmes de macho ofendido. Vale só pela performance do último, bem como o psicopata sedutor.

"Em Má Companhia"
Anthony Hopkins é um dos grandes atores vivos, Chris Rock está entre um dos comediantes mais engraçados dos EUA e Joel Schumacher já dirigiu pérolas como "Tigerland" e "Um Toque de Infidelidade".
Então, por que "Em Má Companhia", que estréia hoje no Brasil e reúne o trio acima, é um dos piores filmes do ano, de longe? A resposta pode ser os roteiristas Jason Richman e Michael Browning, semi-estreantes no métier. Ou nas pressões do estúdio, vai saber...
A história é boba: diretor da CIA (Hopkins) tem seu melhor agente (Rock) morto no meio de uma missão e é obrigado a convocar para completar o trabalho o irmão gêmeo deste, um trambiqueiro que não sabia da existência do parente. Meio filme é gasto na "transformação" do golpista em um oficial sofisticado.
É irresistível brincar com o título e dizer que em má companhia mesmo vai estar o espectador, se fizer a besteira de gastar R$ 10 para ver esta bomba, mas o que chama mais a atenção é a presença no elenco de Hopkins.
Não faz muito tempo, o ator de "O Silêncio dos Inocentes" anunciou que iria se aposentar, a não ser que lhe oferecessem papéis muito bons, como na continuação "Hannibal". A julgar por "Companhia", o britânico devia continuar descansando em casa.


Em Má Companhia
Bad Company  
Produção: EUA, 2002
Direção: Joel Schumacher
Com: Anthony Hopkins, Chris Rock
Quando: a partir de hoje nos cines Center Penha 3, Belas Artes e circuito




Inimigo em Casa
Domestic Disturbance  
Produção: EUA, 2001
Direção: Harold Becker
Com: John Travolta, Rebecca Tilney
Quando: a partir de hoje nos cines Jardim Sul 1, Villa-Lobos 5 e circuito



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