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CRÍTICA
"Sex" satisfaz moral e impulsos do público
NEWTON CANNITO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Para o público brasileiro, as
personagens de "Sex and the
City" serão uma espécie de Jairo
Bouer dos adultos e de Monique
Evans da elite. Redimido pelo
"padrão NY de qualidade e refinamento", o público da TV segmentada participará de uma discussão
sobre sexo sem sentir que caiu na
"baixaria" da TV aberta.
Carrie é a protagonista e narradora do seriado. Ela escreve uma
coluna sobre sexo, e seu conflito
está na polaridade entre amor romântico e jogo de poder sexual. A
narração conta com depoimentos
de personagens secundários e
episódios da vida sexual de suas
três amigas.
Em "Sex", as mulheres "transam como homens", ou seja, transam sem envolvimento emocional; mas essa atitude, em princípio vulgar, é justificada pelo roteiro. Há vários depoimentos dos
machistas de Nova York, e ficará
claro que, no passado, nossas heroínas foram românticas. Absolvidas de seus "pecados" pela maldade masculina, elas podem transar sem compromisso, satisfazendo, simultaneamente, sua moral e
seus impulsos. Abre-se espaço
também para o diálogo sobre temas tabus, feito de forma divertida e politicamente incorreta.
Os roteiristas não esqueceram
de satisfazer os desejos do público
masculino, que é contemplado
com o desfile de lindas mulheres
-e por algumas cenas de nudez- e com a sensação de estar
ouvindo os diálogos secretos dos
banheiros femininos.
O melhor do seriado, no entanto, é o distanciamento da narração. Os personagens e conflitos
são tratados com leveza e até os
machistas são simpáticos. Carrie,
ao contrário das personagens tradicionais, não parece interessada
em chegar a um desfecho. Ela vive
o instante, não tem uma moral
definida e curte a dúvida dramática. "Sex" é uma comédia para
adultos, uma baixaria leve, didática e refinada. Uma boa opção para o fim de noite.
Sex and the City
Quando: no Multishow; seg., às 23h15, e
reprises na ter., às 21h15, e na sex., à 1h
Newton Cannito é diretor do Instituto de Estudos de Televisão
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