São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRÍTICA

"Sex" satisfaz moral e impulsos do público

NEWTON CANNITO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Para o público brasileiro, as personagens de "Sex and the City" serão uma espécie de Jairo Bouer dos adultos e de Monique Evans da elite. Redimido pelo "padrão NY de qualidade e refinamento", o público da TV segmentada participará de uma discussão sobre sexo sem sentir que caiu na "baixaria" da TV aberta.
Carrie é a protagonista e narradora do seriado. Ela escreve uma coluna sobre sexo, e seu conflito está na polaridade entre amor romântico e jogo de poder sexual. A narração conta com depoimentos de personagens secundários e episódios da vida sexual de suas três amigas.
Em "Sex", as mulheres "transam como homens", ou seja, transam sem envolvimento emocional; mas essa atitude, em princípio vulgar, é justificada pelo roteiro. Há vários depoimentos dos machistas de Nova York, e ficará claro que, no passado, nossas heroínas foram românticas. Absolvidas de seus "pecados" pela maldade masculina, elas podem transar sem compromisso, satisfazendo, simultaneamente, sua moral e seus impulsos. Abre-se espaço também para o diálogo sobre temas tabus, feito de forma divertida e politicamente incorreta.
Os roteiristas não esqueceram de satisfazer os desejos do público masculino, que é contemplado com o desfile de lindas mulheres -e por algumas cenas de nudez- e com a sensação de estar ouvindo os diálogos secretos dos banheiros femininos.
O melhor do seriado, no entanto, é o distanciamento da narração. Os personagens e conflitos são tratados com leveza e até os machistas são simpáticos. Carrie, ao contrário das personagens tradicionais, não parece interessada em chegar a um desfecho. Ela vive o instante, não tem uma moral definida e curte a dúvida dramática. "Sex" é uma comédia para adultos, uma baixaria leve, didática e refinada. Uma boa opção para o fim de noite.


Sex and the City    
Quando: no Multishow; seg., às 23h15, e reprises na ter., às 21h15, e na sex., à 1h



Newton Cannito é diretor do Instituto de Estudos de Televisão


Texto Anterior: Erika Palomino: U-LA LA! SKINDÔ SKINDÔ!!
Próximo Texto: Cinema/Estréia - "K-19 - The Widowmaker": Harrison Ford enfrenta polêmica russa
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.