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CRÍTICA
Revisionismo ligeiro agrada a todos
CRÍTICO DA FOLHA
A história se passa em 1961, quando o mundo bipolarizado da Guerra Fria esteve à beira da hecatombe nuclear. E mais à beira do que se podia imaginar, como
nos quer fazer crer "K-19".
Próximo a uma base da Otan, um problema num reator de um submarino nuclear russo ameaça causar uma explosão pior do que a ocorrida em Hiroshima. A bombástica história real pertencia ao espólio russo. Apropriada pela indústria americana, ganhou mais do que os moldes de fórmulas hollywoodianas, como a que prioriza a surrada história de redenção do capitão em detrimento da ação, de fato heróica, de seus anônimos subordinados, que se sacrificaram para impedir a explosão.
Os americanos souberam impor aqui sua visão: o que se ressalta, além das arbitrariedades do Partido Comunista, é o despreparo tecnológico dos russos.
Essa visão, sustentada por acontecimentos recentes, serve, em todo caso, para que o filme divirta o público americano sem desagradar ao russo, uma vez que os militares do país são retratados como heróicos por se sujeitarem a tão
insanas missões a mando dos burocratas. Esse revisionismo, ainda
que ligeiro, não deixa de ser, afinal, dos mais empáticos.
(TIAGO MATA MACHADO)
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