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DISCOS
Para enfrentar a alta do dólar, lojistas procuram soluções como a venda de álbuns usados e CDs brasileiros
Lojas apostam em "nacionalização"
DA REPORTAGEM LOCAL
Na falta de uísque importado,
peça o nacional. Apostando nessa
filosofia, as lojas de CDs importados de São Paulo "nacionalizaram" seus estoques para sobreviver à alta do dólar.
Na Indie Records, em Pinheiros, cerca de 40% dos discos da loja, que já teve quase 100% de CDs
importados, são produzidos no
Brasil. "Com esse dólar totalmente fora de controle, tivemos que
concentrar forças nos lançamentos nacionais que felizmente estão
em alta", afirma o dono da loja,
Marcos Z.
Gravadoras como FNM, Sum
Records e Trama, diz ele, têm
apostado em artistas internacionais mais alternativos. "O problema é que ainda não chegam nem
perto de suprir a demanda cada
vez maior por novidades."
Selos independentes também
têm dado a sua forcinha no mercado capenga de lançamentos internacionais. Recentemente, o selo Slag lançou a banda inglesa Clinic, e o Highlight Sounds lançou a
banda sueca (International) Noise Conspiracy.
Carlos Farinha, dono da loja Bizarre, no centro, foi mais longe.
Além de "nacionalizar" o cardápio de CDs, apostou num selo
próprio, que lança bandas do
mercado underground.
Com os discos importados, ele
dança um samba do crioulo doido. "Não pago os CDs quando recebo, tenho um prazo de 60 dias.
Vendo o disco hoje por "x" e depois pago por ele sei lá quanto.
Quem é que vai adivinhar onde é
que vai parar isso?", reclama. "O
certo seria ir reajustando os preços, mas não dá para fazer isso."
Com medo dos preços, o consumidor prefere passar longe das
importadoras. Lojistas afirmam
que o número das vendas caiu pela metade.
O dono da London Records, na
r. 24 de Maio, concorda que a saída esteja na venda dos "nacionalizados". "O cliente que comprava
em média dez CDs importados
por mês agora leva cerca de seis
nacionais", compara Walter da
Costa Thiago.
Ele aponta como problema a
falta de "timing" dos lançamentos
de artistas internacionais pelas
gravadoras brasileiras. "Elas não
têm muito critério para lançar
CDs no Brasil. E o pior é que alguns títulos nunca chegam a sair",
diz. Nesses casos, o cliente tem de
pagar, em média, R$ 55 pelo importado, enquanto um CD fabricado no Brasil sai por R$ 27.
O jeito então é apelar para promoções e descontos. "Promoção
sempre passa pela minha cabeça, mas mesmo o preço com desconto pode não ser tão lindo e maravilhoso assim", desabafa Marcos Z. Já há lojista pensado em soluções como a venda de CDs importados usados, o que já é habitual
em países como a França. Antes isso do que um disco a 60 reais.
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