São Paulo, quinta-feira, 30 de agosto de 2007

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Comida

Decifrando a Liberdade

Mozuku, hana katsuo, konbucha? Em visita ao bairro oriental de SP, chefs japoneses desvendam produtos misteriosos e explicam como prepará-los

JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nas prateleiras há uma porção de latinhas coloridas e embalagens com desenhos arrojados que, pelo visual, arrebatam qualquer cliente. Passado o ímpeto consumista, vêm à mente as inevitáveis perguntas: o que é isto, para que serve e como preparo?
Quem frequenta os mercados da Liberdade (e não é oriental nem descendente) já deve ter se sentido perdido em meio a produtos escritos em ideogramas japoneses, chineses ou coreanos. A maioria deles traz no verso uma etiqueta com a tradução em alfabeto romano, o que não significa, necessariamente, solução para essas dúvidas primárias.
Para decifrar alguns desses produtos, a Folha convidou dois chefs japoneses para fazer um "tour" pelo bairro paulistano. Shinya Koike, o Shin do Aizomê, e Daiske Takao, do A1, selecionaram ingredientes, explicaram o que são eles e deram sugestões de uso. A lista tem desde temperos básicos da cozinha japonesa, como a pimenta sansho, até uma alga grudenta chamada mozuku.
Os chefs hesitaram, porém, diante de uma lula em conserva que nem etiqueta traduzida tinha. "A maioria dos brasileiros não se arriscaria. Por isso nem a traduzem. É como se dissessem: "Isto não é para vocês'", brinca Daiske.
No Marukai, um dos mercados da rua Galvão Bueno, o aumento da clientela ocidental nos últimos anos motivou uma preocupação com a tradução. "Nossa intenção é que as etiquetas tragam, além do nome, o modo de preparo", diz o gerente Luiz Carlos Zapala.
O pacote de hana katsuo (flocos de peixe bonito) é um dos que já incorpou a mudança: tem um tópico com indicação de uso. Mas como esse ainda é um exemplo isolado, no dia-a-dia vale mesmo é recorrer às atendentes que ficam nos corredores tirando dúvidas e até ensinando a preparar pratos. "Muitos perguntam o que é, para que serve e como faz", diz Alzira Oshiru, supervisora da Casa Bueno.
E, como diz o sábio Shin, "tem coisa que parece esquisita, mas tem que experimentar".


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