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Comida
Decifrando a Liberdade
Mozuku, hana katsuo, konbucha? Em visita ao
bairro oriental de SP, chefs japoneses desvendam
produtos misteriosos e explicam como prepará-los
JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nas prateleiras há uma porção de
latinhas coloridas e embalagens com
desenhos arrojados que, pelo visual,
arrebatam qualquer cliente. Passado
o ímpeto consumista, vêm à mente
as inevitáveis perguntas: o que é isto,
para que serve e como preparo?
Quem frequenta os mercados da
Liberdade (e não é oriental nem descendente) já deve ter se sentido perdido em meio a produtos escritos em
ideogramas japoneses, chineses ou
coreanos. A maioria deles traz no
verso uma etiqueta com a tradução
em alfabeto romano, o que não significa, necessariamente, solução para
essas dúvidas primárias.
Para decifrar alguns desses produtos, a Folha convidou dois chefs japoneses para fazer um "tour" pelo
bairro paulistano. Shinya Koike, o
Shin do Aizomê, e Daiske Takao,
do A1, selecionaram ingredientes,
explicaram o que são eles e deram
sugestões de uso. A lista tem desde temperos básicos da cozinha japonesa,
como a pimenta sansho, até uma
alga grudenta chamada mozuku.
Os chefs hesitaram, porém, diante de uma lula em conserva que
nem etiqueta traduzida tinha. "A
maioria dos brasileiros não se arriscaria. Por isso nem a traduzem.
É como se dissessem: "Isto não é
para vocês'", brinca Daiske.
No Marukai, um dos mercados
da rua Galvão Bueno, o aumento da
clientela ocidental nos últimos
anos motivou uma preocupação
com a tradução. "Nossa intenção é
que as etiquetas tragam, além do
nome, o modo de preparo", diz o
gerente Luiz Carlos Zapala.
O pacote de hana katsuo (flocos
de peixe bonito) é um dos que já incorpou a mudança: tem um tópico
com indicação de uso. Mas como
esse ainda é um exemplo isolado,
no dia-a-dia vale mesmo é recorrer
às atendentes que ficam nos corredores tirando dúvidas e até ensinando a preparar pratos. "Muitos
perguntam o que é, para que serve
e como faz", diz Alzira Oshiru, supervisora da Casa Bueno.
E, como diz o sábio Shin, "tem
coisa que parece esquisita, mas
tem que experimentar".
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