São Paulo, quinta-feira, 30 de setembro de 2004

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GASTRONOMIA

Sem apartheid, vinhos sul-africanos ganham mercado

JORGE CARRARA
ENVIADO ESPECIAL À ÁFRICA DO SUL

Os vinhos sul-africanos devem começar a marcar presença mais forte no Brasil. Interesse do outro lado do Atlântico não falta. A África do Sul tenta melhorar o intercâmbio de produtos com nosso país e melhorar o resultado da balança comercial, que hoje se inclina fortemente para o lado do Brasil.
Os vinhos são um produto importante do país, que é hoje o oitavo produtor mundial. O coração da sua indústria vitivinícola está localizado no canto sudoeste, em torno da Cidade do Cabo, onde se encontram as principais regiões, como Swartland, ao norte; Paarl, Stellenbosch e Robertson, ao leste, e Constantia (onde a indústria nasceu no séc. 17), ao sul, limitada pelo Atlântico (a linda False Bay).
A maior parte dos vinhedos (um total de 108 mil hectares) está plantada com variadas tintas. Mas, curiosamente, os vinhos que mais brilham por lá são os brancos, particularmente os de uva sauvignon blanc. A seguir, alguns dos destaques da visita realizada aos vinhedos sul-africanos (todos importados pela Expand, tel. 0/ xx/11/4613-3333):
*Steenberg: instalada em Constantia, tem vinhos que mostram qualidade consistente. No canto dos brancos há dois belos Reserve 2004, um Sauvignon Blanc estruturado, rico em boca, com sabor que mescla fruta com toques minerais e de aspargos (89/100) e um Semillon com paladar marcado por toques torrados e de tangerina e manga, longo e equilibrado (89/100). Entre os tintos, agradou muito o Syrah 2003, denso, com sabor atraente (leve defumado, café e ameixas maduras) e muito persistente (90/100);
*Springfield: adega da região de Robertson que começou a engarrafar seus vinhos em 1995. Pódio para dois sauvignon blanc 2004, o Life from Stone (intenso nas frutas amarelas e no maracujá, vivaz e com boa acidez, 88/100) e o Special Cuvée, menos exuberante na fruta, mas com componentes cítricos e minerais que lhe dão complexidade (88/ 100);
*Morgenhof: a casa de Stellenbosch conta com bons brancos, como o Sauvignon Blanc 2004 (potente, bem característico da variedade, frutado e de paladar vivaz, 88/100) e belos tintos do estilo do Premiére Selection 2000, corte de uvas cabernet, merlot e malbec, concentrado, um pouco tânico ainda, mas de paladar amplo e saboroso (89/100);
*Vergelegen: moderna vinícola de Stellenbosch, abrigada em um edifício de estilo arrojado. Um branco sobressaiu claramente: o Chardonnay Reserve 2003, de perfume e sabor intensos (cravo, especiaria, torrefação e frutas em calda) e amplo, com boa acidez e final longo (90/100);
*Klein Constantia: despontou aqui um tinto, o Marlbrook 2000 (um "blend" de uvas cabernet e merlot, envelhecido 18 meses em carvalho francês), de textura aveludada e sabor atraente que mistura fruta com especiaria e caramelo (89/100);
*Spice Route: esta vinícola de Swartland tem vinhos de excelente nível. Vale a pena conferir o seu Chenin Blanc 2003, que combina pêras, pinceladas de cravo e torrefação num paladar untuoso (89/ 100). Na ala rubra, menção especial para os da linha Flagship, como o delicioso Merlot 2001, de perfume cativante (geléias, compotas e frutas vermelhas maduras), muito aveludado na boca (90/100), e o novo ícone da casa, o Malabar 2002, corte de uvas syrah, merlot e grenache, que se mostra sedoso e intenso na boca, onde a fruta (complementada por toques florais e de madeira) domina a cena (92/100).


O colunista Jorge Carrara viajou à África do Sul a convite da importadora Expand e da South African Airways


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