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CINEMA
A convite da Folha, wiccas vêem longa de Nicole Kidman, que estréia hoje; grupo prefere a série clássica dos anos 60
Filme "Feiticeira" decepciona até bruxos
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Na tentativa de levar uma vida
normal, a bruxa Isabel Bigelow
(Nicole Kidman) vai ao supermercado. Na hora de pagar a conta, não resiste à tentação: num
passe de mágica, transforma uma
carta de tarô em cartão de crédito.
Risos na platéia de quatro bruxos convidados pela Folha para
ver o filme "A Feiticeira", que estréia hoje nos cinemas. Mas a diversão não foi muito além da cena
inicial. A história, baseada na série dos anos 60, decepcionou os
wicca (termo adotado a fim de
atenuar a carga negativa da palavra bruxa -nas fábulas, a feia e
má; na Inquisição, as pecadoras
queimadas em praça pública).
De zero a dez, deram 6,5 para o
longa. Depois, assistiram ao primeiro capítulo do seriado (cuja
primeira temporada acaba de ser
lançada em DVD). Nota: "Onze!".
A bruxaria da vida real, explicam, tem pouco a ver com a de
Isabel ou da velha Samantha. Não
existe mágica, dizem, por mais
que ensaiem a mexidinha no nariz ou o estalar de dedos. Mas, a
exemplo do filme e do programa,
os bruxos de São Paulo fazem rituais com caldeirão, chapéu e vassoura. Alguns são entre árvores
do parque Trianon, na Paulista.
"Tudo tem significado. O caldeirão representa o útero da grande mãe; o chapéu, pessoas ao redor do cone de poder; a vassoura
limpa energeticamente os locais e
se associa à viagem astral", diz
Cláudia Hauy, 37, cientista social
pela UFRJ (federal do Rio), taróloga e terapeuta holística.
Os bruxos "reais" garantem que
não voam na vassoura, mas Kidman, sim. Assim como no clássico, sua bruxinha linda e loira faz
de tudo para evitar a feitiçaria,
mas, hora do aperto, apela para
um truquezinho aqui, outro ali.
Seu sonho é ter um casamento
normal. Eis que se depara com o
fracassado ator Jack Wyatt (Will
Ferrel). O problema é que ele está
justamente atrás de alguém para
interpretar Samantha numa refilmagem da série "A Feiticeira". E
Isabel é seu grande achado.
Foi a maneira encontrada pela
roteirista Nora Ephron ("Harry e
Sally - Feitos um para o Outro",
"Mensagem para Você") para fugir de um "remake" do seriado.
Antes tivesse optado pela refilmagem, dizem os feiticeiros-críticos
da Folha. "Esperava ver a Nicole
Kidman torcendo mais o nariz,
como a Samantha. O seriado é
muito melhor do que o filme",
acredita Marli Moreira, 54, que
atua na mesma área de Cláudia.
"Ver o filme e logo depois, o primeiro episódio da série, dá a certeza de que não há comparação",
diz José Antônio Domingos, 39,
analista de sistema e bruxo de nome Bran Ap Llyr nas horas vagas.
Marli destaca um lado positivo
comum nas duas produções: tanto Nicole Kidman quanto Elizabeth Montgomery, a atriz da série,
"são doces e sedutoras, como as
bruxas reais". "O fato de elas não
quererem que as pessoas saibam
que são feiticeiras reflete o preconceito que sempre existiu."
Vinícius Bezerra Ribeiro, 22, ou
Morgan Le Fay para feiticeiros íntimos, considera a série mais interessante, mas vê com bons olhos
alguns aspectos do longa. "Como
o seriado, o filme aborda o conflito homem/mulher e o fato de as
bruxas buscarem ser respeitadas", diz o ator de teatro, poeta,
estudante de letras e... bruxo.
A Feiticeira - 1ª temporada (DVD, 36 episódios)
Criador: Sol Saks
Distribuidora: Sony; R$ 110, em média
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