São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 2005

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Malba leiloará telas brasileiras para pagar dívida

MAELI PRADO
DE BUENOS AIRES

O Malba (Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires) anunciou anteontem que leiloará quatro obras de arte, entre elas "Mulheres de Pescadores", do brasileiro Di Cavalcanti, para pagar US$ 2,4 milhões (cerca de R$ 4,4 milhões) em impostos que deve ao fisco argentino.
Vão a leilão também a escultura "Tamba Tajá", da brasileira Maria Martins, e as pinturas "El Agua", do chileno Roberto Matta, e "Constructivo en Colores", do uruguaio Joaquín Torres García. As peças serão leiloadas em novembro pela casa de leilões Sotheby's em Nova York.
Segundo explicou Eduardo Constantini, empresário e colecionador que criou o museu, o objetivo é assegurar a permanência do restante da coleção do Malba, que hoje abriga 46 obras adquiridas por ele no exterior.

Conjunto
Das obras que serão colocadas à venda, a de maior relevância seria a do chileno Matta, que foi comprada por US$ 850 mil em 99 e que não seria vendida por menos de US$ 1,5 bilhão (R$ 3,4 bilhões) em novembro.
"A intenção é vender obras que não afetam a qualidade do conjunto. Temos outras peças importantes dos mesmos artistas, o que diminui a importância da perda. Mas não restava solução frente à magnitude do imposto a tributar", declarou ele, de acordo com informações publicadas ontem na imprensa local.
O montante que o Malba deve ao fisco é referente a impostos de importação das obras. Desde que o museu abriu as portas, há quatro anos, os quadros estavam expostos com uma licença de importação temporária, que obrigava a uma movimentação constante para renovar as permissões.
Constantini afirmou que nos últimos meses conversou com representantes do governo da cultura e do fisco, mas obteve apenas uma "boa acolhida verbal", sem mais resultados.
Alguns analistas, ouvidos pela imprensa argentina, acreditam que o anúncio do leilão pode ser uma jogada do empresário para tentar mudar as regras de tributação para obras de arte.


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