São Paulo, terça-feira, 30 de outubro de 2001

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VIDA BANDIDA

A caída

VOLTAIRE DE SOUZA

Beleza também é uma questão de persistência. Lisette exagerava. Cremes. Corridas. Mas atribuía sua boa forma a uma alimentação saudável. Alface. Chuchu. Nada de doces. "Nesse ponto eu sou xiita." O marido se chamava Zé Roberto. Domingão. Zé Roberto chegou com uma travessa. Bombas de chocolate. Zé Roberto começou o ataque. Lisette fez cara de nojo. "Quanto primitivismo." Zé Roberto respondeu com maldade. "Quanta ilusão." Lisette não entendeu. "Regime para quê, Lisette? Você está caída. Caidaça." Lisette pôs de lado o talo de aipo. A faca de cozinha fez em pouco tempo o que o colesterol demoraria para conseguir. Sobre o cadáver de Zé Roberto, Lisette dá continuidade ao seu jejum. A verdade nunca resolve questões de fé.


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