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VIDA BANDIDA
A caída
VOLTAIRE DE SOUZA
Beleza também é uma
questão de persistência. Lisette exagerava. Cremes. Corridas. Mas atribuía sua boa forma a uma alimentação saudável. Alface. Chuchu. Nada de
doces. "Nesse ponto eu sou
xiita." O marido se chamava
Zé Roberto. Domingão. Zé
Roberto chegou com uma
travessa. Bombas de chocolate. Zé Roberto começou o ataque. Lisette fez cara de nojo.
"Quanto primitivismo." Zé
Roberto respondeu com maldade. "Quanta ilusão." Lisette
não entendeu. "Regime para
quê, Lisette? Você está caída.
Caidaça." Lisette pôs de lado
o talo de aipo. A faca de cozinha fez em pouco tempo o
que o colesterol demoraria
para conseguir. Sobre o cadáver de Zé Roberto, Lisette dá
continuidade ao seu jejum. A
verdade nunca resolve questões de fé.
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