São Paulo, terça-feira, 30 de outubro de 2001

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SHOW/CRÍTICA

Garota-furacão vence som empastelado

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Macy Gray encerrou na noite de anteontem os trabalhos do palco principal da versão 2001 do Free Jazz Festival. O Free Jazz é hoje um festival profissional, maduro, que proporciona conforto, diversão e cultura a seu público. Neste ano, só falhou numa coisinha, a que seria a mais elementar e importante de todas: o som precisa estar 100% resolvido para que um festival musical seja digno desse nome. Senão vira fumaça de cigarro, só.
Nos três dias de funcionamento, o som esteve terrível em mais de um palco e em vários pontos de platéia. De volta a Macy Gray: bocuda, linda/elegante e com aquela voz de Daisy Duck, a garota-furacão americana fez seu show (para branquelos e fernandas abreu) aos trancos e barrancos, imersa num lastimável pastel sonoro.
Mas não iria se travar por "tão pouco". Apoiada por um sensacional trio de vocalistas-dançarinos (um inacreditável clone de Bootsy Collins ao centro), fez de sexualidade e hedonismo as palavras de ordem, em funks enfezados como "Sex-O-Matic Venus Freak" e "Sexual Revolution".
Nessa, instou os espectadores a "serem lindos" e tirarem a roupa -ensaiou fazê-lo com sua banda muito hippie, mas os moços só tiraram camisas, e as moças, nem isso. Havia algo farsesco no ar, mas isso também é "funky".
Vestindo as camisas de Bertolt Brecht e Kurt Weill, Macy cantou "Oblivion", primeiro clímax, casando cabaré e baile black de periferia. Pouco depois, a banda homenageou Sly & The Family Stone e Funkadelic, esquecendo-se propositalmente de Prince -mais momentos sublimes do bailão funk da black soul sister.
Ápices adicionais vieram na lânguida "Boo" e no hit de novela "I Try", cantado em coro pela multidão cosmopolita (e branca) do Free Jazz. Estavam encerrados três dias de sonho. E só faltava mesmo o som funcionar.


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