São Paulo, quarta-feira, 30 de novembro de 2005 |
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A DIREÇÃO TEATRAL
DA REPORTAGEM LOCAL
ANTUNES FILHO - Eu tinha visto uma montagem do Antunes ["A Megera Domada", 1965] em que uma das grandes inovações dele foi colocar uma garrafa de Coca-Cola em cena. Imaginem, um Shakespeare com Coca-Cola. E a imprensa de São Paulo dizia "que ousadia maravilhosa", "que concepção nova" [risos]. GERALD THOMAS - Ontem [domingo], no restaurante, o Gerald
me convidou pela enésima vez
para trabalhar com ele. Na festa
dos meus 80 anos, ele já havia me
convidado para fazer "Édipo Rei"
[tragédia de Sófocles]. Eu disse:
"Não dá, eu já fiz" [em 1967]. Ele
respondeu: "Eu sei, não tem importância". Aí eu disse: "A
Henriqueta Brieba já morreu,
qual a atriz que será a minha
mãe?" [risos]. JOSÉ CELSO MARTINEZ CORRÊA -
Foi a grande revelação de direção
teatral no Brasil. Quando ele começou, era um diretor extraordinário, com espetáculos deslumbrantes. "Pequenos Burgueses"
[de Górki, 1963] foi um dos melhores espetáculos que já vi na minha vida, no mundo inteiro. "Roda Viva" [de Chico Buarque,
1968] foi memorável. Depois, teve
uma fase muito ruim. E agora ele
faz um teatro muito específico. Sei
que tem muita gente que vai, fica
encantada, mas, para mim, não
interessa muito. Entrar no teatro
para ver dois rapazes se masturbando, não me interessa absolutamente. Mas muita gente gosta.
Masturbação parece que atrai público. ANTÔNIO ARAÚJO - Ele vai estrear um espetáculo dentro de um
barco no Tietê. Não sei como vai
ser isso, mas deve ser fascinante.
Antônio Araújo é um grande diretor [do Teatro da Vertigem],
tem uma noção pessoal do teatro,
mas tudo que faz é bem feito, é
bonito, é inteligente. Quem tiver
coragem de navegar no Tietê deve
ver esse espetáculo. DENISE STOKLOS - Ela é um gênio, uma criadora extraordinária,
uma artista na maior acepção do
termo. Só não é escritora. Li uma
entrevista dela, ontem [domingo], mas não entendi uma palavra
do que escreveu. No palco, é um
fenômeno, uma coisa eletrizante,
inteligente, um ser humano extraordinário. Pouquíssimas atrizes, no Brasil, chegaram ao nível
de criação da Denise. MÁRIO BORTOLOTTO - Conheço
pelo nome, mas nunca vi uma peça dele. GRUPOS - Trabalhar vários anos
com as mesmas pessoas ajuda a
desenvolver com mais facilidade
o seu talento. Em geral, os grupos
se formam ou em torno de uma
pessoa ou de uma idéia. No caso
do TBC, foi em torno de uma
idéia, que era fazer o melhor teatro que pudesse haver no Brasil. E,
naquela altura, realmente se conseguiu isso. Entre os atuais grupos, a [cia. do] Latão é ótima. O
Marco Antonio Rodrigues tem
um grupo [Folias d'Arte] que se
formou em torno da personalidade dele, que é um bom diretor.
Torço para que o Latão, o Teatro
da Vertigem e o Folias continuem
por muitos e muitos anos porque
são úteis para o teatro brasileiro. |
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