São Paulo, segunda-feira, 30 de novembro de 2009

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Simpósio mostra Grotowski para além de seu "teatro pobre"

Palestras e debates no Rio frisam renovação constante do teórico polonês

LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O encenador e teórico polonês Jerzy Grotowski (1933-1999) passou à história do pensamento teatral ao delinear o conceito de "teatro pobre", que renegava efeitos de cena, punha em xeque o peso de cenários e figurinos e fechava o foco no elo entre ator e espectador.
O Festival Internacional Grotowski 2009, série de palestras, debates e workshops que vai de hoje a domingo, no Rio, visa a ampliar o entendimento das ideias do teatrólogo, mostrando que elas iam além da defesa do minimalismo cênico e eram constantemente reavaliadas por ele. Ou seja: não lhes cabe o rótulo de datadas.
"Ele trabalhou muito cedo com uma noção transdisciplinar de teatro, atravessada por psicanálise, antropologia e estudos rituais. Essa acabaria sendo a grande marca do teatro da pós-modernidade", diz a atriz, professora e curadora do simpósio, Tatiana Motta Lima.
O simpósio é realizado por ocasião de uma efeméride quádrupla: dez anos de morte de Grotowski, 50 anos de fundação do Teatro Laboratório (o QG das experimentações dele, na Polônia), 25 anos de dissolução deste e 35 anos da primeira vinda do estudioso ao Brasil.
Em 1974, Grotowski falou sobre parateatro e "participante" como única entidade teatral (anulando a separação entre ator e espectador) a plateias locais que esperavam ouvir mais sobre o conceito-base de "Em Busca de um Teatro Pobre", livro lançado por aqui em 1968.
Depois disso, lembra Lima, ele ainda passaria pela fase do "teatro das fontes", em que alinhavou técnicas de atuação a partir de cantos recolhidos em viagens a México e Índia.
Mais adiante, o teórico levantaria a bandeira da arte como veículo para o autoconhecimento de quem a gera, questionando a contribuição da plateia à construção de um discurso. "Não é que ele não ligasse para a troca com o público. Mas entendia que o ator não podia se deixar cooptar pelo olhar-ímã do espectador, deixando de fazer o que tinha de ser feito", afirma a curadora.


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