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Simpósio mostra Grotowski para além de seu "teatro pobre"
Palestras e debates no Rio frisam renovação constante do teórico polonês
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
O encenador e teórico polonês Jerzy Grotowski (1933-1999) passou à história do pensamento teatral ao delinear o
conceito de "teatro pobre", que
renegava efeitos de cena, punha em xeque o peso de cenários e figurinos e fechava o foco
no elo entre ator e espectador.
O Festival Internacional
Grotowski 2009, série de palestras, debates e workshops que
vai de hoje a domingo, no Rio,
visa a ampliar o entendimento
das ideias do teatrólogo, mostrando que elas iam além da defesa do minimalismo cênico e
eram constantemente reavaliadas por ele. Ou seja: não lhes cabe o rótulo de datadas.
"Ele trabalhou muito cedo
com uma noção transdisciplinar de teatro, atravessada por
psicanálise, antropologia e estudos rituais. Essa acabaria
sendo a grande marca do teatro
da pós-modernidade", diz a
atriz, professora e curadora do
simpósio, Tatiana Motta Lima.
O simpósio é realizado por
ocasião de uma efeméride quádrupla: dez anos de morte de
Grotowski, 50 anos de fundação do Teatro Laboratório (o
QG das experimentações dele,
na Polônia), 25 anos de dissolução deste e 35 anos da primeira
vinda do estudioso ao Brasil.
Em 1974, Grotowski falou sobre parateatro e "participante"
como única entidade teatral
(anulando a separação entre
ator e espectador) a plateias locais que esperavam ouvir mais
sobre o conceito-base de "Em
Busca de um Teatro Pobre", livro lançado por aqui em 1968.
Depois disso, lembra Lima,
ele ainda passaria pela fase do
"teatro das fontes", em que alinhavou técnicas de atuação a
partir de cantos recolhidos em
viagens a México e Índia.
Mais adiante, o teórico levantaria a bandeira da arte como
veículo para o autoconhecimento de quem a gera, questionando a contribuição da plateia
à construção de um discurso.
"Não é que ele não ligasse para
a troca com o público. Mas entendia que o ator não podia se
deixar cooptar pelo olhar-ímã
do espectador, deixando de fazer o que tinha de ser feito",
afirma a curadora.
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