São Paulo, sábado, 31 de maio de 2008

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TRECHOS

PODER MODERADOR
O que a América do Sul precisa é um extenso Poder Moderador, um Poder que exerça a função arbitral entre partidos intransigentes. De muitas doenças graves costuma-se dizer que foi no princípio um resfriamento mal curado; a história da América do Sul parece não ter sido outra coisa senão uma revolução mal curada. O meio, entretanto, de curar as revoluções que nascem dos erros e abusos de todos os partidos não é a perseguição. É a reforma de cada um, o abandono das pretensões exageradas, anti-sociais, que, mesmo do ponto de vista do mais estreito e calculado egoísmo, são um erro, porquanto elas não destroem somente a paz, o prestígio, o crédito, a grandeza da nação; ferem individualmente o filho do país, sobretudo se é chefe de família, com a ruína de sua existência -se não para todos a ruína material, sempre a ruína moral

PARTIDOS POLÍTICOS
É sempre um erro de crítica quando se julga um partido supor o outro incapaz dos mesmos excessos; os partidos compõem-se quase dos mesmos elementos nacionais, os mesmos indivíduos passam de um para outro, em geral as seções políticas de um país têm o mesmo nível, como o líquido em vasos que se comunicam. O que faz a diferença entre eles nas épocas de crise social é quase sempre que um, representando o instinto conservador, reúne de preferência os elementos estáveis, receosos de mudança, associados entre si pelo perigo de seus interesses, e que assim há nesse partido uma maior soma de responsabilidade e de verdadeira cultura, ao passo que o outro tem antes a natureza turva e mesclada de uma aluvião

Extraído de "Balmaceda", de Joaquim Nabuco


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