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DVDS
COLEÇÃO
Entre os quatro discos estão "Os Implacáveis", "Mesa do Diabo" e "Tom Horn'
Caixa revisa fases de apogeu e crepúsculo de Steve McQueen
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
Pegue um filme qualquer
com Steve McQueen. São
grandes, imensas, as chances de
você encontrar uma cena de fuga.
Isso quando o filme inteiro não
for uma fuga só ("A Grande Escapada", 1963). McQueen foi um astro do cinema americano da era
pós-James Dean -marcado pela
marginalidade e pela velocidade.
Como seu antecessor, ganhou popularidade entre homens e mulheres, e, se não obteve o mesmo
prestígio como ator -o que é discutível, já que ele é uma das raras
figuras cuja presença é mais do
que suficiente para garantir a qualidade da "performance"-, também soube misturar, para o bem e
para o mal, sua "persona" pública
à de seus personagens.
Esses traços fundamentais
transparecem de formas diferentes nos quatro filmes que a Warner reuniu em uma caixa dedicada ao ator: "Quando Explodem as
Paixões", de John Sturges (1959),
"Mesa do Diabo", de Norman Jewison (1965), "Os Implacáveis",
de Sam Peckinpah (1972), e "Tom
Horn", de William Wiard (1980).
O destaque óbvio é "Os Implacáveis", que concilia o fato de ser
veículo perfeito para o astro (e
também para a companheira de
cena Ali MacGraw) com a marca
autoral do diretor. É notável toda
a seqüência de créditos, que traz a
assinatura de Peckinpah nas imagens congeladas e na montagem
mecânica e ágil, mas que também
é perfeita como apresentação do
personagem de McQueen.
Carter McCoy vive o cotidiano
modorrento da prisão entre "flashes" de momentos sensuais ao lado da mulher (MacGraw). Depois
de quatro anos encarcerado por
assalto a banco -a ofensa mais
grave do Texas, segundo o filme-, ele obtém liberdade condicional, mas rapidamente se envolve em outro golpe. Um pedaço do
filme será dedicado à execução do
golpe e, a maior parte, à fuga espetacular do casal. A combinação
perfeita de McQueen e MacGraw,
que vivem uma relação moderna
e ambígua, é o "motor" que faz o
filme avançar e que realça o tipo
de masculinidade que o ator encarnou, erotizada e sombria.
"Os Implacáveis" é também o
DVD que traz os extras mais interessantes. Eles incluem um "comentário virtual" de McQueen,
MacGraw e Peckinpah por meio
de ótimos depoimentos gravados
no ano do lançamento do filme.
Menos conhecido e, talvez por
isso, mais surpreendente, é "A
Mesa do Diabo". Um dos aspectos mais interessantes aqui é o
embate entre McQueen e Edward
G. Robinson, representante da velha escola hollywoodiana, consagrado pela série noir dos anos 40.
Eles se enfrentarão em uma mesa
de pôquer auxiliados por um
elenco que inclui Ann Margret,
Karl Maden, Tuesday Weld, Joan
Blondell, Rip Torn e Cab Calloway. Mesmo com um resultado
irregular, o filme cresce até o jogo
final, que revela a grande habilidade artesanal de Norman Jewison na construção de um ambiente tenso com elementos básicos.
Os dois outros filmes da caixa,
"Quando Explodem as Paixões" e
"Tom Horn", completam-se de
maneira interessante. O primeiro
é um filme de guerra do início da
carreira de McQueen, em que ele
faz papel de coadjuvante para
Frank Sinatra. Foi graças a esse filme que John Sturges o convidou
para fazer "Sete Homens e Um
Destino" e, mais adiante, "A
Grande Escapada", que definitivamente o tornaria um astro. O
segundo é um faroeste crepuscular em que McQueen não esconde
a aparência abatida. É seu penúltimo filme e foi lançado no ano de
sua morte (1980), aos 50 anos, de
câncer no pulmão.
Coleção Steve McQueen
Lançamento: Warner
Quanto: R$ 100, em média (box com
quatro discos)
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