São Paulo, terça-feira, 31 de julho de 2007

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No teatro, dirigiu 126 peças e teve a ópera "A Flauta Mágica" registrada por TV

DA REPORTAGEM LOCAL

É claro que Ingmar Bergman foi um fabuloso, um imenso cineasta. Mas ele apenas assumiu o controle da linguagem do cinema e conseguiu uma precisão absoluta na transposição em imagens de suas intenções porque também foi, antes de tudo, um homem de teatro.
Um de seus biógrafos contabiliza a direção cênica de 126 espetáculos teatrais. Fez Shakespeare, Ibsen, Tchekov, Schiller, Molière, Brecht, Tennessee Williams e, sobretudo, o dramaturgo sueco August Strindberg, por quem sentia uma particular afinidade.
Há também sua relação com a ópera. Foi seu primeiro emprego, o de assistente na Ópera Real de Estocolmo.
Nesse campo temos um único testemunho, "A Flauta Mágica", de Mozart, filmada no Teatro Drottningholm, de Estocolmo. A ópera só foi gravada porque a televisão sueca se interessou pelo espetáculo. E foi assim que os mozartianos souberam como Bergman concebia o histriônico Papageno, cantado por Hakan Hagegard, ou a ambígua Rainha da Noite, papel de Birgit Nordin.
Infelizmente, no entanto, o Bergman diretor de ópera foi um artista desconhecido para os que não presenciaram seus espetáculos. Nos anos 40 e 50, a única maneira de eternizar uma produção era filmá-la, com custos elevadíssimos.
Há também uma outra contingência. A Suécia -ao contrário do Reino Unido, da Itália ou da Alemanha- nunca esteve no circuito lírico de primeira linha na Europa. As pessoas não se deslocavam de outros países para assistir suas montagens. Bergman foi, por isso, um diretor quase doméstico. Como teria sido seu "Ring", de Richard Wagner? Ou sua "Elektra", de Richard Strauss?
Seu trabalho é relatado por críticos que notavam em sua direção cênica duas características também presentes no cinema: a utilização da iluminação e da beleza, não como um recurso estético que se esgotava em si mesmo, mas como ferramenta a serviço da dramaturgia. Em seguida Bergman foi absolutamente fiel aos textos que interpretava. Se fosse maestro, teria sido um Arturo Toscanini.
(JOÃO BATISTA NATALI)


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