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No teatro, dirigiu 126 peças e teve a ópera "A Flauta Mágica" registrada por TV
DA REPORTAGEM LOCAL
É claro que Ingmar Bergman
foi um fabuloso, um imenso cineasta. Mas ele apenas assumiu
o controle da linguagem do cinema e conseguiu uma precisão absoluta na transposição
em imagens de suas intenções
porque também foi, antes de
tudo, um homem de teatro.
Um de seus biógrafos contabiliza a direção cênica de 126
espetáculos teatrais. Fez Shakespeare, Ibsen, Tchekov, Schiller, Molière, Brecht, Tennessee Williams e, sobretudo, o
dramaturgo sueco August
Strindberg, por quem sentia
uma particular afinidade.
Há também sua relação com
a ópera. Foi seu primeiro emprego, o de assistente na Ópera
Real de Estocolmo.
Nesse campo temos um único testemunho, "A Flauta Mágica", de Mozart, filmada no
Teatro Drottningholm, de Estocolmo. A ópera só foi gravada
porque a televisão sueca se interessou pelo espetáculo. E foi
assim que os mozartianos souberam como Bergman concebia o histriônico Papageno,
cantado por Hakan Hagegard,
ou a ambígua Rainha da Noite,
papel de Birgit Nordin.
Infelizmente, no entanto, o
Bergman diretor de ópera foi
um artista desconhecido para
os que não presenciaram seus
espetáculos. Nos anos 40 e 50, a
única maneira de eternizar
uma produção era filmá-la,
com custos elevadíssimos.
Há também uma outra contingência. A Suécia -ao contrário do Reino Unido, da Itália ou
da Alemanha- nunca esteve no
circuito lírico de primeira linha
na Europa. As pessoas não se
deslocavam de outros países
para assistir suas montagens.
Bergman foi, por isso, um diretor quase doméstico. Como teria sido seu "Ring", de Richard
Wagner? Ou sua "Elektra", de
Richard Strauss?
Seu trabalho é relatado por
críticos que notavam em sua direção cênica duas características também presentes no cinema: a utilização da iluminação e
da beleza, não como um recurso estético que se esgotava em
si mesmo, mas como ferramenta a serviço da dramaturgia. Em
seguida Bergman foi absolutamente fiel aos textos que interpretava. Se fosse maestro, teria
sido um Arturo Toscanini.
(JOÃO BATISTA NATALI)
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