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30º Mostra de SP
Diretor estreante propõe "mergulho na infância"
"Anche Libero Va Bene", do ator italiano Kim Rossi Stuart, é finalista na Mostra
Longa flagra garoto que, na passagem à adolescência, tenta superar desequilíbrio familiar; cineasta diz ter a "obrigação da sinceridade"
DA REPORTAGEM LOCAL
"Anche Libero Va Bene" (líbero também é legal), o título
desse primeiro longa dirigido
pelo ator italiano Kim Rossi
Stuart ("As Chaves de Casa") é
extraído de um dos diálogos
ocorridos no filme entre Renato (Stuart) e seu filho Tommi (o
excelente Alessandro Morace).
Renato quer ver no filho um
campeão de natação. O garoto
prefere o futebol. O vácuo entre
os sonhos do pai e os reais interesses do filho é um complicador a mais numa estrutura familiar em que a presença intermitente da mãe dá o tom do desequilíbrio e da insegurança.
"Anche Libero Va Bene" foi
premiado na Quinzena dos
Realizadores, no Festival de
Cannes, em maio passado, e
acaba de obter do público da
Mostra a indicação à disputa de
melhor filme desta 30ª edição.
A Folha encontrou Rossi
Stuart, 37, em Cannes, para a
entrevista a seguir.
(SILVANA ARANTES)
FOLHA - Por que estrear com um
filme sujeito ao olhar infantil?
KIM ROSSI STUART - O que me
atrai na pré-adolescência é que
você vive circunstâncias que o
moldam para o resto da vida.
Queria fazer um filme não exatamente autobiográfico, mas
que mergulhasse o espectador
na dimensão da infância, independentemente de origem,
profissão ou extrato social.
FOLHA - Que temas deve-se esperar de seus próximos filmes?
ROSSI STUART - Acho estimulante abordar sempre temas diferentes, mas universais. Gostaria de fazer filmes estilisticamente diversos uns dos outros.
Mas voltamos a falar sobre isso
depois do meu segundo longa.
FOLHA - Como Nanni Moretti, pretende sempre atuar em seus filmes?
KIM ROSSI STUART - Não sei. dependerá de muita coisa. Eu
queria só dirigir "Anche Libero
Va Bene". Mas o ator que faria o
papel do pai desistiu no último
minuto. Apesar de ser cansativo [acumular as funções], achei
que eu teria mais desenvoltura
e poderia dar uma dimensão
orgânica e natural ao papel.
FOLHA - A tradição do cinema italiano é um peso para novos autores?
ROSSI STUART - O problema da
minha geração é que ela tem
sempre de confrontar o passado. É uma circunstância histórica. Os que nos precederam
não tinham padrões de comparação, porque o cinema falado
nascera havia pouco. É um preço que temos de pagar. Se não
nos arriscarmos, ficaremos
presos a um passado insuperável. Temos a obrigação de ser
sinceros e fazer filmes honestos, urgentes, necessários, sem
macaquear Truffaut ou Fellini.
FOLHA - Como ator, o sr. se define
como pertencente a alguma escola?
ROSSI STUART - O mérito do ator
é se colocar à disposição do diretor. Tenho disposição para
mundos criativos e métodos diversos. O ator por excelência
deve ser maleável e se adaptar,
embora haja diretores que se
adaptem aos atores, mas esses
têm menos personalidade.
FOLHA - A paixão do protagonista
por futebol é referência ao apelo popular que esse esporte tem na Itália?
ROSSI STUART - Não. O importante é que ele troca um esporte individual por um de equipe.
ANCHE LIBERO VA BENE
Direção: Kim Rossi Stuart
Onde: hoje, 19h50, no Cine Bombril;
quarta, 17h20, no Espaço Unibanco
NA INTERNET - Leia crítica do filme
http://ilustradanocinema.folha.blog.uol.com.br/
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