Personalidades apoiam filósofo em crítica à elite de SP

Mal chegou ao país, no começo da semana, e o filósofo suíço Alain de Botton passou por um "intensivão de Brasil".

"Um brasileiro diz: 'O Rio é Los Angeles e São Paulo é Nova York. Porto Alegre é o Texas", escreveu no Twitter na segunda. A partir daí, Botton publicou uma série de comentários sobre seu destino -a desigualdade social é um dos ângulos mais observados pelo seu olhar estrangeiro.

"Algumas elites são refinadas em nível tão alto como só existe em sociedades profundamente desiguais: São Paulo", provocou na terça-feira.

O músico Lobão diz que "sua maior agonia" é ser obrigado a concordar com o suíço. "Somos cínicos em relação às mazelas que se perpetuam, sem maiores dramas de consciência", afirmou à Folha.

Para o dramaturgo Hugo Possolo, Botton até pegou leve com a elite paulistana. "Se vivesse aqui, iria descobrir o que pensam e como tratam 'gente diferenciada'."

Já Frei Betto encarou com bom humor as comparações entre cidades brasileiras e norte-americanas. Betto acha "o Rio muito mais bonito que Los Angeles" e São Paulo sem "a civilidade urbana de Nova York". Para ele, Porto Alegre se iguala ao Texas apenas na "alimentação rancheira".

No Twitter, Botton publicou fotos de um templo positivista, casebres da Assembleia de Deus e livros de Kant na biblioteca de uma favela.

Reproduziu também uma imagem de si, na garupa do moto-táxi, com título (dado por um internauta brasileiro) que graceja com a máxima de Caetano Veloso sobre filosofia e idiomas: "Motofilosofando no [morro do] Alemão".