Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Crítica Drama

"Tudo pelo Poder" revela golpes baixos da política

Dirigido e estrelado por Clooney, filme foca a campanha eleitoral nos EUA

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

NÃO É PRECISO ENTENDER O COMPLEXO SISTEMA ELEITORAL AMERICANO (NEM ELES ENTENDEM MUITO BEM) PARA DEDUZIR QUE A BATALHA PELO PODER INCLUI SANGUE E SUOR

O que é uma campanha eleitoral à Presidência?, pergunta George Clooney, diretor de "Tudo pelo Poder". O título brasileiro, na verdade, dá mais do que uma pista: dá quase uma resposta à questão original.

É verdade que estamos no contexto norte-americano, bem mais complicado que o nosso, pois dele fazem parte as primárias, em que cada partido tem que escolher seu candidato.

E as primárias são um momento complexo, pois vencer em Estados de grande eleitorado é vital não só porque o ganhador leva todos os delegados dali para a eleição como porque há resultados decisivos para a arrecadação de fundos de campanha.

Em suma: não é preciso entender o complexo sistema eleitoral americano (nem eles entendem muito bem) para deduzir que a batalha pelo poder inclui sangue, suor e golpes baixos.

Mesmo quando o candidato é um democrata e cheio de bons propósitos. É o mínimo a esperar de um bonitão como George Clooney, que também protagoniza o longa.

Um jogo cheio de baixezas como esse exige lealdade. É o caso do chefe de campanha Paul Zara (Philip Seymour Hoffman), fiel escudeiro de Clooney.

Ele deve lidar com a fraqueza de um assessor de imprensa, Stephen Meyers (Ryan Gosling), que por fraqueza ou ingenuidade topa encontrar o chefe de campanha do outro candidato, Tom Duffy (Paul Giamatti).

A reunião, que devia ser secretíssima, vaza. Como vaza é o que veremos. Faz parte das inúmeras jogadas que o filme atribui aos segundos das campanhas políticas.

CLOONEY POLÍTICO.

Se houver 10% de verdade no que o filme mostra, a coisa não cheira bem. E, se não cheira bem, como ficará a situação do simpático candidato com sua aura de limpeza imaculada?

Não parece absurdo o boato que começou a correr, segundo o qual o filme seria o prefácio ao lançamento de Clooney como político.

Se Ronald Reagan (1911-2004) foi presidente, se Arnold Schwarzenegger foi governador, por que não ele?

Mas a questão não é essa, claro, e sim: "Tudo pelo Poder" transpira gosto pelas coisas da política (os lances, as baixezas e grandezas, e mesmo o desejo de "fazer alguma coisa" paralelo à sutil, porém implacável, adequação dos ideais à realidade -leia-se: ao escoamento dos ideais ralo abaixo).

INSTRUTIVA DIVERSÃO

No entanto, não é impossível que Clooney também pense no cinema, essa arte em que o autor deve ceder tanto a outros para que chegue seu filme às telas.

E, quando isso acontece, não raro foi mexido pelo estúdio a tal ponto que as ideias se tornaram irreconhecíveis e, para ainda se fazerem visíveis, tiveram de quase ser afogadas pelos espetáculo, de se transformar, antes de tudo, em "entertainment".

É bem o que parece ser o caso aqui: uma boa, sincera e às vezes instrutiva diversão. Nunca um filme memorável.

TUDO PELO PODER

DIREÇÃO George Clooney
PRODUÇÃO EUA/2011
COM George Clooney, Ryan Gosling, Philip Seymour Hoffman, Paul Giamatti
ONDE nos cines Espaço Unibanco Pompeia, Pátio Paulista Cinemark e circuito
CLASSIFICAÇÃO 10 anos
AVALIAÇÃO bom

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.