Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

'Placebo sempre foi casa para outsiders', afirma Brian Molko

Cantor fala sobre DVD 'We Come in Pieces' e da dificuldade de cantar sucessos do grupo

IURI DE CASTRO TÔRRES
DE SÃO PAULO

Quem vê Brian Molko, 39, se pavoneando no palco não imagina que, por trás da maquiagem e do visual andrógino, bate um tímido coração.

O vocalista da banda Placebo, que embala corações jovens há 18 anos com canções pesadas e melancólicas, lança o DVD "We Come in Pieces", registro da turnê do disco "Battle for the Sun".

Gravado em 2010, na Brixton Academy, famosa casa de shows de Londres, mostra uma banda entrosada percorrendo sua trajetória no palco.

Em entrevista exclusiva à Folha, Molko admite não ser fácil definir que músicas tocar em shows -muito menos subir ao palco e ser filmado.

"Sou uma pessoa muito tímida, senão não sentiria a compulsão de subir num palco", diz Molko. "Soa como um paradoxo, mas tem tudo a ver com a psicologia dúbia que existe nos músicos."

E continua: "Receber validação e admiração de estranhos é uma forma de superar uma baixa autoestima. É o que nos leva adiante."

O conflito também vem na hora de escolher que canções tocar, já que o músico vive em guerra com a própria obra.

Molko diz que, embora os grandes hits da banda o deixem "enjoado" (principalmente "Pure Morning"), não dá para deixar de fora músicas conhecidas do público.

Estão no DVD clássicos da banda como "Nancy Boy", "Meds", "The Bitter End" e "Every You Every Me".

"Tenho uma relação muito disfuncional com a maior parte do meu catálogo antigo", explica. "É a razão para sempre escrever novas músicas. Se eu achasse meu primeiro disco bom, nunca teria escrito o segundo."

O que foi fácil, segundo o cantor, foi a escolha da Brixton Academy, seu "lar espiritual", para encerrar a turnê.

"Quando era muito novo e sonhava em estar em uma banda, tocar na Brixton era o ideal de sucesso para mim", diz. "Ia lá todas as semanas, assistir a bandas como Pavement, Fugazi e Sonic Youth."

RAIVA E PRECONCEITO

A versão "deluxe" do DVD vem com um documentário que mostra os bastidores da turnê e o curta-metragem "Trigger Happy Hands".

Molko está muito mais interessado no documentário do que no show ("nem assisti", garante). "Mostra a banda em momentos bem íntimos, e não só o lado glamouroso de ser um rock star."

O curta, que leva o título de um hit da banda, é uma ficção sobre palhaços revoltados. Para Molko, ele aborda um sentimento comum nas canções do Placebo: a raiva.

"Placebo sempre foi uma casa para os 'outsiders'", diz. "A raiva sempre foi uma força positiva para mim, porque consegui trabalhar com ela de um jeito bom, escrevendo músicas. Em vez rejeitar a sociedade, tentamos adaptá-la ao nosso jeito, nos nossos termos", finaliza.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.