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"Correnteza" leva crise familiar aos palcos Monólogo que estreia hoje em São Paulo traz o ator italiano Alvise Camozzi nos personagens de avô, pai e filho Texto da jornalista Gabriela Mellão dirigido por Mauricio Paroni enfoca mágoas nas relações entre eles MARCOS GRINSPUM FERRAZCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA No palco há apenas um homem, mas ali estão, na verdade, três personagens. Pois avô, pai e filho estão ligados pelo mesmo sangue que, como uma corrente, segue de geração em geração e faz com que os três sejam, de algum modo, somente um. Ao menos é assim em "Correnteza", peça da dramaturga e colaboradora da Folha Gabriela Mellão que estreia hoje em São Paulo. Na montagem de Maurício Paroni de Castro, o italiano Alvise Camozzi interpreta avô, pai e filho que, no leito de morte do segundo, revisitam os ressentimentos e violências de suas relações. Em "Correnteza", o mesmo sangue que une também despeja veneno, gera dor e raiva. Mas nem assim rompe a força do laço familiar. "Eles estão congelados, não conseguem sair disso", diz Paroni. Enquanto verbaliza um tipo de fluxo emotivo -em que nem sempre se sabe ao certo qual dos três está falando- o ator segue sentado em uma cadeira, com uma projeção ao fundo e um divã ao lado. O cenário fortalece duas referências claras trabalhadas por Paroni na montagem. De um lado, o divã reforça o lado psicanalítico do texto, já que, segundo o diretor, estamos de fato adentrando um "mundo mental". "O personagem está querendo contar algo e assim ele tenta também se entender ", explica. A projeção, por sua vez, remete aos clássicos "benshi" do cinema mudo japonês -homens que, ao lado da tela, narravam as histórias e interagiam com as cenas. Na tela, a imagem invertida de um homem em queda dialoga com a queda do próprio personagem -e, com a dele, a de seu clã familiar. Afinal, nas palavras de Mellão, "'Correnteza' é um caso extremo de desamor, no qual uma herança de faltas corre pelas veias de uma família, arrasando qualquer resquício de humanidade que neles possa existir".
CORRENTEZA |
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