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Ator de "Tabu", Ivo Müller é o único brasileiro na competição

LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DE SÃO PAULO

O sobrenome pode confundir, mas o ator Ivo Müller é brasileiro. E mais: o único brasileiro a disputar um Urso -o troféu da competição oficial do Festival de Berlim.

Nascido em Santa Catarina, está em "Tabu", coprodução entre Portugal, Brasil, Alemanha e França dirigida por Miguel Gomes (o mesmo de "Aquele Querido Mês de Agosto", prêmio da crítica na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em 2008).

Dividido em duas partes, "Tabu" conta a história de uma mulher chamada Aurora (Ana Moreira), seu amante (Carloto Cotta quando jovem e Henrique Espírito Santo mais velho) e o marido dela (Müller), que viaja muito a negócios e acaba traído.

"No fundo, é sobre as coisas que estão acabando", define o ator. "Afinal, o filme foi feito em película e em 16 mm, com a estética de um filme mudo e em preto e branco."

Também serve de homenagem ao cineasta F.W. Murnau (1888-1931), marcante para o diretor português.

Apesar do destaque, o ator diz que o convite para ir à Berlinale teve um lado triste: ter de deixar temporariamente as duas peças com que está em cartaz em São Paulo.

"Cartas a um Jovem Poeta", texto de Rainer Maria Rilke adaptado pelo próprio Müller, é um monólogo "meio suicida", como diz. "Parece que estou me jogando de um prédio toda noite."

Já "Doze Homens e uma Sentença", dirigida por Eduardo Tolentino (fundador do grupo Tapa), é um esforço coletivo, premiado com o APCA de melhor espetáculo em 2010. "Foi mais fácil me substituir enquanto viajo."

A troca de atores já tinha sido feita antes, quando Ivo Müller foi filmar em Moçambique, em maio do ano passado. "Miguel imaginou a história na África. Foi importante rodarmos lá, porque ele usa o que as circunstâncias oferecem nas locações."

Müller conta que o fato de ele ter vindo do teatro foi muito valorizado pelo diretor português. "Ele não queria alguém muito conhecido. Sempre me dizia que captar momentos especiais é o importante no cinema."

O fato de "Tabu" unir um novo trabalho a uma viagem para a África foi muito convidativo. "Também tinha um desafio com o personagem, uma dificuldade. É isso que busco em um trabalho."

No próximo sábado saem os premiados do festival. A conferir se Müller não traz na bagagem um Urso.

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