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Guy Maddin olha fantasmas pelo buraco da fechadura no surreal "Keyhole"

THIAGO STIVALETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BERLIM

Como David Lynch não filma um longa há mais de cinco anos, pode-se dizer que o canadense Guy Maddin é hoje o cineasta que melhor trabalha o mundo dos sonhos.

Em filmes como "A Música Mais Triste do Mundo" (2003) ele mistura linguagem do cinema mudo, surrealismo, melodrama, um ar kitsch, abstrações e pulsões sexuais.

No novo "Keyhole", exibido no Festival de Berlim, o gângster Ulisses (Jason Patric) comanda suas operações de dentro de casa, rodeado por figuras fantasmáticas.

Sua mulher (Isabella Rossellini) e o sogro vivem trancados no sótão, e ele conversa com os dois pelo buraco da fechadura; há uma moça afogada e um filho negro, que ele adotou depois que este matou o seu filho verdadeiro.

A ideia para o filme surgiu de um sonho recorrente que Maddin teve durante anos.

"Eu andava por corredores vazios e havia uma pessoa triste trancada num quarto. Era alguém querido que havia morrido, era minha casa sendo assombrada. Até descobrir que era eu que assombrava a casa", disse à Folha.

O resultado é uma combinação original entre filmes de fantasmas e de gângster.

Maddin já esteve em São Paulo, filmando no cemitério da Consolação o segmento "Gato Colorido", parte do projeto "Mundo Invisível", da Mostra de São Paulo. O festival o recebe novamente como convidado em outubro.

Ele será ainda um dos destaques da Bienal de São Paulo, com a performance "Spiritisms". Nela, Maddin vai convidar atores para sentar à mesa com ele e entrar num "transe" e "evocar o espírito de filmes perdidos ou inacabados do cinema, filmando tudo como aqueles fotógrafos de espíritos dos anos 20".

O projeto começa neste mês no Pompidou, em Paris, e além de São Paulo passa por Nova York (MoMA) e pela cidade natal de Maddin, Winnipeg (Art Gallery).

A ideia é reencenar a seu modo cem filmes em cem dias, numa lista que vai de Eric von Stroheim até filmes perdidos sobre adultério dirigidos por mulheres islâmicas no Egito da década de 20.

Todo o projeto -que tem entre os convidados Geraldine Chaplin, Charlotte Rampling, Udo Kier e Mathieu Amalric- será colocado na internet. Os resultados da primeira escala poderão ser vistos em spiritismes.centrepompidou.fr.

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