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Irmãos Taviani são favoritos em Berlim

"César Deve Morrer", dos italianos, narra de maneira envolvente uma encenação de Shakespeare em um presídio

Radical, português "Tabu", com brasileiro, pode ser injustiçado pelo pendor a temas sociais do presidente do júri

FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

Com a exibição de "Rebelle" (rebelde), ontem, na sessão competitiva do Festival de Berlim, o filme do cineasta canadense Kim Nguyen sintetizou bem as principais marcas da seleção do diretor do evento, Dieter Kosslick: forte carga social e lirismo.

"Rebelle" conta a história de Komona (Rachel Mwanza), uma jovem de 12 anos que é forçada a participar de guerrilhas no Congo e, por conta do uso de uma bebida alucinógena, passa a ter visões e se transforma na bruxa do comandante.

Mesclando fantasia com imagens realistas, o último filme a concorrer ao Urso de Ouro pode acabar levando algum prêmio no festival.

É hoje à noite, aliás, que o presidente do júri, o diretor britânico Mike Leigh, anuncia os premiados.

Se coincidir com as listas que jornais alemães já publicaram, os favoritos são "Barbara", de Christian Petzold, "César Deve Morrer", dos irmãos Taviani, e "Tabu", do português Miguel Gomes.

"Barbara" gira em torno de uma médica, interpretada por Nina Hoss, que tenta fugir da Alemanha comunista nos anos 1980, mas se envolve com o médico André (Ronald Zehrfeld) numa vila.

Hoss e Zehrfeld levam o longa de uma maneira muito sensível e são fortes candidatos ao Urso de Prata.

Já a produção dos Taviani deveria render à dupla ao menos o Urso de direção, pela maneira envolvente com que narra como um grupo de teatro do presídio de segurança máxima de Rebibbia, em Roma, encena "Julio César", de William Shakespeare.

Sem ficar apenas no registro, os Taviani conseguem que a peça alcance alta carga dramática com a encenação dos condenados.

Finalmente, "Tabu", por seu experimentalismo e radicalidade, com a história de um triângulo amoroso recheado de referências à história do cinema e sobre a relação de Portugal com suas colônias africanas, seria o prêmio certo, caso Leigh não fosse um diretor de narrativa essencialmente social e linear.

Ou seja, "Tabu" merece o prêmio, mas pode não levar.

Mais sintonizados com o cinema de Leigh, outras produções correm por fora, como "Jayne Mansfield's Car", de Billy Bob Thornton, que se passa no final dos anos 1960 e aborda como distintas gerações, nos EUA, vivem os conflitos de guerra.

Também tem chance "Gnade" (desculpe), do alemão Matthias Glasner, sobre um casal em crise que vivem uma tragédia, na cidade mais ao norte da Noruega, e o drama acaba reunindo o casal.

Com imagens espetaculares da neve e atuações contagiantes de Jürgen Vogel e Birgit Minichmazr, "Mercy" não surpreenderia se vencesse alguma categoria.

Agora é esperar o anúncio: "E o Urso vai para...".

O jornalista FABIO CYPRIANO se hospeda a convite do Festival de Berlim.

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