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Nova York traz moda feminina com toques militares e de diva

Desfiles na Semana de Moda apostaram em mulher que alterna dureza e docilidade

VIVIAN WHITEMAN
ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK

Tempo de Carnaval no Brasil, mas, na Semana de Moda de Nova York, os desfiles rolaram na base rígida das marchinhas militares.

Nas imagens apresentadas pelos estilistas, sambas mais do que revisitados: soldadinhas de todas as partes tomaram conta das coleções.

A fantasia pode ser o militar bem literal, como o da passarela da Tommy Hilfiger, a recruta minimal-geometrizada de Victoria Beckham, o uniforme de guerra esportivo da Lacoste ou a guerreira oriental da Proenza Schouler.

O revival linha-dura passa pela cavalaria gaúcha de Carlos Miele, com suas herdeiras da pampa rica, amarradonas em seus cinturões, e chega aos casacos general-chic da Calvin Klein, cintados com metal e de construção complexa, oscilando entre a dureza e os volumes e curvas do corpo.

Nem o abusado exército de bruxas-trombadinha de Marc Jacobs escapou dessa marcha em Nova York.

Em tempos de pragmatismo fashion, a moda recupera seus clássicos. Interessante mesmo é pensar que um dos maiores clássicos do guarda-roupas feminino seja o uniforme militar.

CONTRAPONTO

Para fazer contraponto a essa batalha toda, alguns estilistas investiram na figura da diva, essa que sempre aparece para acalentar as noites de quem está cansado de guerra.

Diane von Furstenberg foi uma das que apostaram na ideia. Michael Kors, um dos nomes mais bem-sucedidos da moda americana que vende, também chamou o glamour pra desfilar. Um glamour decadente, misturado com o militar.

O soldado e a diva, nessa marcha, caminham mais juntos do que pode parecer. Trata-se de compreender essas duas imagens como figuras cansadas de briga, e ainda muito atuais, da vida feminina nos combates do dia a dia.

De um lado, a mulher militarizada de grandes cidades, especialmente as de trato cruel como Nova York, tem de estar pronta para metralhar e atirar "para matar".

Do outro lado, a diva uniformizada para seduzir, obrigada a exibir as curvas e a fragilidade de seu corpo para que o mundo das barricadas tenha alguma imagem de beleza.

DUPLA JORNADA

Não são duas mulheres diferentes, mas uma que cumpre essa ingrata dupla jornada. Para quem? Para os olhos dela ou para os olhos masculinos? Provavelmente, e infelizmente, para os dois.

Carrasca de si mesma e/ou escrava de um senhor da guerra patriarcal, a soldado-diva segue marchando, em cima de botas longas de salto alto, e canta baixinho no final da batalha de cada dia: "It's a man's world" (é um mundo de homem).

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