Texto Anterior
|
Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
Troféu inédito divide opiniões dentro do Irã SAMY ADGHIRNIDE TEERÃ Dividido sobre o sucesso de "A Separação", o governo iraniano recorreu ontem às críticas a Israel como única maneira de apresentar uma voz coesa sobre a conquista do Oscar de filme estrangeiro por Asghar Farhadi. O cinema iraniano nunca havia levado um Oscar. A TV estatal divulgou ao longo do dia imagens do prêmio em Hollywood acompanhadas de comentários destacando que o filme levou a melhor sobre o concorrente israelense, "Footnote". Javad Shamaghdari, chefe da agência iraniana de cinema, afirmou que a decisão da academia americana de preterir Israel em favor do Irã mostra o fim do "domínio sionista" sobre os EUA. Mas a mídia estatal se absteve de relatar que, num evento na véspera do Oscar, Farhadi se sentou ao lado do diretor de "Footnote", Joseph Cedar, judeu ortodoxo. A política oficial do Irã, que não reconhece Israel, recomenda evitar qualquer contato com israelenses. Antecipando-se a reações de Teerã, onde mora e trabalha, Farhadi disse, após receber o prêmio, que o governo iraniano "não é unânime" sobre "A Separação". O filme foi rodado no Irã com autorização oficial, mas seu sucesso rachou o regime entre os que enxergam a repercussão como vitória diplomática e aqueles que veem uma atenção do Ocidente politicamente motivada. O diretor do Ministério da Cultura e da Orientação Islâmica, Mohammad Bagher Khoramshad, disse que o filme só obteve tanto destaque por ser "contrário ao sistema de governo iraniano". O sociólogo pró-regime Ebrahim Fayyaz disse que "A Separação" é um dos piores filmes iranianos. "O Ocidente premia filmes que vão na direção de suas políticas." Em sites como Facebook e Twitter, boa parte da população recebeu com entusiasmo a notícia, mas houve quem se mantivesse cético. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |