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Crítica / Pop

Novo disco do músico surpreende pela maturidade tingida de melancolia

RODRIGO LEVINO
EDITOR-ASSISTENTE DA “ILUSTRADA”

Uma boa canção pop tem de ser fatal: ouviu, grudou. Ben Kweller, que era um prodígio quando lançou "Sha Sha", em 2002, sabe disso.

A repercussão no começo da carreira se deveu, sobretudo, à sua habilidade de manejar a fórmula melodia/refrão/letra/riff de guitarra.

"Go Fly a Kite", seu quinto disco solo, mantém o apurado senso melódico, refrões assobiáveis e um punhado de referências que ficam claras à primeira audição.

É possível identificar o que o cantor e compositor trouxe de Pavement, Neil Young, Brendan Benson e Weezer para as suas músicas.

O que surpreende no disco são as letras, que pendem para a melancolia e a desilusão.

Um reflexo do amadurecimento do cantor, hoje com 30 anos, pai de família e dono de uma pequena gravadora.

As mudanças saltam aos ouvidos em músicas como "You Can Count on Me", em que ele canta "é um dia triste, pois todos os meus amigos mudaram / mas eu quero que você saiba que continuo o mesmo".

Ou nos versos de "The Rainbow", a melhor balada do álbum, sobre uma garota cheia de erros, que vive procurando as palavras certas para reclamar.

Kweller escapa da armadilha de criar um disco lamuriento por dois motivos.

Primeiro, não pede condescendência ao ouvinte; apenas divide com ele as suas confissões. Depois, embala suas angústias com guitarras altas, distorcidas ou pianos com levada country.

"Mean to Me", que abre o disco, "Jealous Girl" e "Free" reforçam o caráter enérgico, espirituoso e coeso da obra.

Três anos depois de lançar o irregular "Changing Horses", pode-se dizer que o californiano radicado no Texas voltou a acertar a mão.

GO FLY A KITE
ARTISTA Ben Kweller
GRAVADORA The Noise Company
QUANTO US$ 11, importado, cerca de R$ 19
AVALIAÇÃO bom

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