Crítica Comédia

Herdeiro de "Porky's", longa celebra estupidez com destemor

Desde 1953, quando Marlon Brando subiu numa moto e aterrorizou uma cidade em "O Selvagem", o cinema não se cansa de mostrar o adolescente como um ser fora de controle, niilista e que não dá a mínima para o bom senso ou a opinião dos pais.

"Projeto X - Uma Festa Fora de Controle" é o ponto mais alto (ou baixo) de uma longa linhagem de humor adolescente. Pense em "Clube dos Cafajestes" (1978), "Porky's" (1982) ou "Superbad" (2007). É por aí.

O filme conta a história de três colegas que aproveitam a ausência dos pais para fazer uma festa de aniversário para um deles.

A ideia, claro, é impressionar os amigos e se dar bem com as meninas. Só que a festa foge do controle e descamba para a orgia e a destruição.

Há piadas sobre masturbação, ereção, drogas, bebida, além de carros caindo em piscinas e até um anão preso num forno: sua típica festa juvenil.

Por trás da incorreção política e da grosseria, "Projeto X" tem, acredite, talento. O produtor é Todd Phillips, que dirigiu "Se Beber, Não Case" e vem se mostrando especialista nesse tipo de comédia.

O cinema americano tem feito filmes tão estúpidos nos últimos anos que é um alento ver um filme que, conscientemente, celebra essa estupidez.

O mais corajoso em "Projeto X" é que ele não tem vergonha do que é. Não há crises de consciência ou arrependimentos. É um filme sobre três adolescentes que sonham com farra e sexo e que fazem qualquer coisa para atingir seus objetivos.

O trio chama um amigo para filmar a festa, e são essas imagens que vemos. É como se estivéssemos assistindo a um longo clipe do YouTube, o que adiciona um aspecto voyeurístico e "proibido" ao filme. Uma grande sacada.

O curioso é que "Projeto X" foi inspirado em um adolescente australiano, cuja festa saiu tão fora do controle que foi preciso chamar a polícia de choque para acabar com ela. Quem não gostaria de estar numa festa assim?