Prêmio Shell pauta seleção de peças do Festival de Curitiba

A sintonia entre o júri do prêmio Shell e os curadores do Festival de Curitiba chama especial atenção nesta edição da mostra. Para quem perdeu alguns espetáculos premiados da temporada passada no Rio e em São Paulo, surge uma segunda chance.

Embora sua programação seja montada bem antes da divulgação dos resultados do Shell (mas após as indicações), o festival, que é o maior do Brasil em número de montagens, conseguiu incluir em sua seleção deste ano um punhado de profissionais que receberam o troféu por trabalhos realizados em 2011. A mostra segue até o dia 8.

Os dois espetáculos premiados pela direção no Rio e em São Paulo, por exemplo, estão na grade da próxima semana: "Júlia", encenada por Christiane Jatahy, e "Luis Antônio - Gabriela", de Nelson Baskerville.

Desenvolvido pela Companhia Mungunzá, "Luis Antônio - Gabriela" coloca em cena a história de um travesti que se torna figura conhecida na Espanha. A peça será apresentada nos dias 1º e 2. Adaptada do texto "Senhorita Julia", de August Strindberg (1849-1912), "Julia" estará em cartaz nos dias 7 e 8.

O Shell também destacou, no Rio, o trabalho da atriz Dani Barros, que protagoniza "Estamira - Beira do Mundo", a ser encenada nos dias 3 e 4. A peça é baseada na vida de uma mulher que morava em lixões da cidade de Duque de Caxias (RJ). Ela morreu no ano passado e já havia sido retratada no documentário de 2004 que leva seu nome e tem direção de Marcos Prado.

IRAQUE EM CENA

Ainda na ala carioca, "Palácio do Fim" (lembrado no quesito iluminação) tem sessões hoje e amanhã. O texto da canadense Judith Thompson oferece o olhar de três personagens sobre a mais recente Guerra do Iraque: a recruta americana fotografada torturando prisioneiros iraquianos em Abu Ghraib, o cientista inglês que não tem peito para levar adiante seu questionamento sobre a real existência de armas de destruição em massa no país e a militante comunista torturada nos porões da ditadura de Saddam Hussein.

A delegação paulista aporta na capital paranaense liderada por "O Idiota", de Cibele Forjaz, produção reconhecida pelo figurino de Joana Porto. A adaptação de Dostoiévski está na grade de amanhã e de segunda.

Outro representante da safra paulistana de 2011 é "O Jardim", Shell nas categorias de melhor cenário, assinado por Marisa Bentivegna, e melhor texto, de Leonardo Moreira. Curitiba assiste ao espetáculo nos dias 5, 6 e 7.

Tânia Brandão, que compôs o corpo de jurados do Shell carioca até o ano passado e integra a curadoria do festival ao lado de Celso Curi e Lúcia Camargo, não vê coincidência nas escolhas. "São espetáculos fortes, dotados de muito impacto e intensidade. Por isso, era natural que acabassem se impondo", avalia.

FESTIVAL DE CURITIBA
QUANDO até 8/4
QUANTO até R$ 50
INFORMAÇÕES pelo tel. 0/xx/41/3233-5807 ou no site festivaldecuritiba.com.br