Teatro

Trama nonsense é o grande trunfo de "A Família Addams"

Importante para o jornalismo e a literatura, a revista "The New Yorker" também foi (e ainda é) um celeiro de geniais cartunistas.

Entre eles, Charles Addams (1918-1988), que para a publicação inventou a família Addams, deliciosa sátira à classe média americana, criada com personagens oriundos dos contos de horror: o funéreo e libidinoso Gomez, a vampiresca Mortícia, a bruxa Vovó, o aberrante Tio Fester, os perversos Wandinha e Feioso, além do mordomo Tropeço.

Multimonstruosa, mórbida e cínica, a Família Ad

dams se tornou uma das mitologias mais duradouras da cultura pop.

Em 1964, ganhou sua primeira série de TV. Em 1991, um filme. Em 2010, uma comédia musical cuja versão brasileira estreou há pouco em São Paulo.

A trama medíocre do musical remete mais ao melodrama familiar que ao grand-guignol. Vandinha se apaixona por um rapaz "normal", e os Addams devem receber para um jantar os pais puritanos e caretas do moço. As atribulações do encontro são previsíveis, como o desfecho.

O público, porém, se diverte horrores com os disparates e as piadas que pontuam o texto de Marshall Brickman e Rick Elice, na inspirada versão de Claudio Botelho. A exploração do nonsense é o que a comédia tem de melhor.

Os atores cumprem bem a tarefa de entreter o público, apesar da rigidez que lhes impôs a direção. A produção brasileira poderia ter incentivado o elenco a trabalhar com mais liberdade, sobretudo Marisa Orth, atriz de grande talento para o improviso e a surpresa, mas aqui reduzida a uma gélida marionete.

A família addams

QUANDO qui. e sex., às 21h; sáb., às 17h e 21h; e dom., às 16h e às 20h

ONDE teatro Abril (av. Brigadeiro Luís Antônio, 411, Bela Vista, tel. xx/11/4003-5588)

QUANTO R$ 70 a R$ 250

CLASSIFICAÇÃO 12 anos

AVALIAÇÃO bom