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Crítica / Drama Nova edição de clássico realça detalhes e impressiona de novo CÁSSIO STARLING CARLOSCRÍTICO DA FOLHA A primeira coisa que o público quer saber sobre o relançamento de "Titanic" em uma versão "upgrade" é se o 3D agrega alguma dimensão extraordinária ao espetáculo já "titanesco" que o filme oferecia em sua versão bidimensional. A resposta, sem dúvida, é "sim". Claro que esbarraremos naqueles que supõem enxergar detalhes imperceptíveis ao olho humano e que identificarão imperfeições no resultado do processo de esculpir cada linha da imagem para acrescentar relevo e profundidade às cenas. Estes já decretaram que a tecnologia para transformar em 3D um filme rodado em 2D ainda não chegou lá. Na nova versão de "Titanic", impressiona como a proeza técnica tende ao imperceptível, para frustração dos que gozam conforme o arsenal de efeitos. Ao contrário de "Avatar", em que o exibicionismo tecnológico se sobrepunha às qualidades estéticas e temáticas, no longa anterior de James Cameron a técnica está posta a serviço de um relato que exige grandeza. Por isso, toda a inovação do 3D -cada relevo, movimento ou impressão de profundidade inserido- funciona para expandir a ideia do cinema como uma experiência maior. Ela define, desde as origens, o projeto de Cameron em "Titanic". No material de divulgação, o diretor adota reiteradamente o verbo "realçar" para descrever o que buscava. O termo informa o que basta ao espectador sem olhos de raio-X, que conseguirá perceber a maior proximidade dos closes (que impactam na primeira parte do filme, centrada no drama romântico de Rose e Jack) e se assombrará com os volumes e perspectivas abissais que amplificam toda a segunda parte do longa, na reconstituição da catástrofe. Por outro lado, a pompa do relançamento, casada com o centenário do naufrágio (ocorrido em 14 de abril de 1912), tem um objetivo comercial definido e justificável. A acoplagem do 3D serve de disfarce para a retomada de uma salutar política de reprises que desapareceu do mapa do mercado exibidor após o advento do DVD. No caso de "Titanic", não há home theater, por maior e mais sofisticado que seja, capaz de dar conta de sua dimensão espetacular. Ao revê-lo no cinema, com os recursos de imersão audiovisual que uma boa sala oferece, é difícil não ter reação semelhante à da personagem de Kathy Bates diante do naufrágio, quando, na segurança de um bote, exclama: "Isso é realmente algo que não se vê todo dia!". Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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