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Música

Gotye chega ao topo com som brasileiro

Nova sensação do pop, australiano usou base do violonista Luiz Bonfá no hit "Somebody that I Used to Know"

Faixa lidera paradas em mais de dez países e ilustra trabalho de "garimpagem" do artista em sebos

IURI DE CASTRO TÔRRES
DE SÃO PAULO

Trancado em um celeiro na fazenda de seus pais na Austrália, Wouter De Backer, 31, mais conhecido como Gotye, brincava de colagem. Não com pedaços de papel, mas com trechos de músicas.

Foi assim, recombinando melodias para fazer surgir o novo, que ele descobriu "Seville", do violonista brasileiro Luiz Bonfá (1922-2001).

Duas notas da música foram usadas por Gotye em "Somebody that I Used to Know", hit que levou o australiano nascido na Bélgica ao topo das paradas.

Em dueto com a neozelandesa Kimbra, 22, Gotye canta sobre "como as memórias e as emoções podem se confundir", segundo definiu em entrevista à Folha, a caminho do QG do festival Coachella, na Califórnia.

"Não sei por que a música faz tanto sucesso", afirma o artista. "Talvez as pessoas gostem da sensação de se sentirem confusas em uma relação amorosa."

Lançada há mais de um ano em seu país natal, como parte do disco "Making Mirrors", que sai agora no Brasil, a canção demorou a estourar -mas o sucesso tardio veio com força.

Primeiro lugar em mais de dez países, em uma semana ele apareceu nos programas de TV "Glee", "American Idol" e "Saturday Night Live".

PESQUISADOR

Mas, para além de um hit, Gotye também é conhecido pelo esmero na pesquisa de melodias. "Procuro sons interessantes e idiossincráticos, mexendo no contexto deles", diz. "Quero sentir onde a música está -letra e melodia se encaixando nas colagens, como se não viessem de fontes diferentes."

Além de Bonfá, Gotye tomou emprestado outro estandarte da música brasileira. "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso (1903-64), aparece em "I Feel Better". O próprio artista admite, no entanto, não ser um grande conhecedor da música tupiniquim. Os recortes vieram de discos garimpados em sebos.

Os pedaços foram colados em músicas extremamente passionais e pessoais. "Às vezes, era difícil escrever as músicas. Eu me perguntava por que estava fazendo aquilo e o que queria atingir", lembra.

Daí o nome "Making Mirrors" (fazendo espelhos). "As músicas têm um sentido de espelho. Permitem que eu examine a mim mesmo e ao mundo ao meu redor."

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