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Nova peça de Pedro Brício une drama e reflexão política

Em "Breu", que estreia em São Paulo na sexta, ator, diretor e dramaturgo acompanha o encontro de duas mulheres durante a ditadura

GABRIELA MELLÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Pedro Brício é um atleta das artes com aptidão para o salto. No escuro.

Esse ator, autor e diretor de 39 anos deu seu maior pulo há nove anos, quando a necessidade de produzir um discurso próprio pareceu-lhe mais saborosa do que o conforto de uma carreira bem-sucedida como ator -na ocasião, já tinha em seu currículo novelas globais como "Desejos de Mulher".

"Breu", peça que estreia em São Paulo na sexta, evidencia outro grande salto em sua trajetória dramatúrgica, notabilizada por comédias como "A Incrível Confeitaria do Sr. Pellica" -Prêmio Shell de melhor texto em 2005.

"Breu" retrata o encontro aparentemente prosaico de duas mulheres no período da ditadura. Carmina é cega e contrata a desconhecida Aurora para ajudá-la no preparo dos salgadinhos que são seu ganha-pão.

O espetáculo inicia-se completamente no breu. Além de simbolizar a cegueira política do país, a escuridão evoca o mundo de Carmina e a estrutura do texto.

Trata-se de uma história de sombras, em que nada é realmente como parece. "Empatia e desconfiança se misturam numa trama labiríntica, na qual nunca se sabe se as histórias contadas pelas personagens aconteceram de fato ou foram inventadas", explica Brício.

A faceta camaleônica própria de todo ator define os trabalhos do artista também como diretor. Dois espetáculos em cartaz encenados por Brício comprovam o traço.

Em "Modéstia", sucesso internacional do argentino Rafael Spregelburd em cartaz em Brasília, duas tramas se intercalam a todo momento. Uma se passa na Argentina contemporânea, a outra, na Rússia do início do século 19. Os atores se desdobram em papéis nos dois cenários. Vivem essa dualidade sem passar por qualquer transição.

Em "A Peça do Casamento" (em cartaz no Rio), de Edward Albee, o relacionamento de 30 anos de um casal é remontado diante do espectador como um quebra-cabeças. A evolução dos personagens ao longo dos anos é a senha para mudanças no tom das interpretações.

"Minha personalidade de ator influencia minha procura por liberdade de linguagens e multiplicidade", diz.

BREU
QUANDO sex. e sáb., às 21h30; dom., às 18h30; de 11/5 a 17/6
ONDE Sesc Belenzinho (r. Padre Adelino, 1.000 - tel. 0/xx/11/2076-9700)
QUANTO R$ 6 a R$ 24
CLASSIFICAÇÃO 12 anos

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