Valor de pinturas dificultou vinda de obras ao Brasil

Das 400 telas que Amedeo Modigliani pintou na vida, só nove estão na mostra que chega na próxima quinta ao Masp, depois de passar por Vitória e pelo Museu Nacional de Belas Artes, no Rio.

Alardeada como uma das grandes exposições do ano, a mostra traz peças importantes do artista, entre elas dois clássicos de sua fase áurea -"Moça de Olhos Azuis", de 1917, e "Grande Figura Nua Deitada", do ano seguinte-. mas deixa a desejar pela quantidade de pinturas.

Essa é uma ausência ainda mais grave quando se leva em conta que há cinco obras de Modigliani na coleção permanente do Masp, sendo que só uma delas integra a mostra que entra agora em cartaz, e um importantíssimo autorretrato do artista, que pertence ao Museu de Arte Contemporânea da USP e tampouco figura na exposição atual.

Segundo os organizadores da exposição, houve dificuldades em negociar o empréstimo com o MAC, às voltas com sua mudança de sede para o antigo prédio do Detran, e com o Masp, que emprestou três de suas obras para uma exposição na Coreia do Sul.

Christian Parisot, curador da mostra e presidente do Modigliani Institut, em Paris e Roma, reclama que "não há dinheiro no Brasil" para fazer uma mostra de maior envergadura desse artista.

Nas contas dele, cada tela de Modigliani que está na mostra do Masp pode onerar a produção em cerca de R$ 630 mil, custos de transporte e seguros -o valor total das obras supera R$ 250 milhões.

Paulo Solano, responsável pela vinda da exposição ao Brasil, concorda com os números de Parisot e diz que uma mostra com mais pinturas poderia custar até R$ 12 milhões em vez de seu orçamento real de R$ 3,5 milhões.

"Fizemos a exposição que foi possível realizar", diz Solano. "É interessante porque tem obras de todas as fases de Modigliani e não só trabalhos do período mais valorizado dele, a fase em que ele viveu em Paris. Tem obras da primeira fase à última."