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Desenhos de guerra de Lasar Segall são expostos em SP

Caderno com 75 desenhos do artista é reeditado em livro e exibido em mostra no Centro da Cultura Judaica

Imagens mostram cenas de terror, como mães mortas e vítimas dos fornos nos campos de concentração

DE SÃO PAULO

Olhos vazios se enchem de cadáveres e multidões se afunilam na porta dos fornos dos campos de concentração.

Entre 1940 e 1943, durante a Segunda Guerra, Lasar Segall despejou todo o horror que acompanhou pelos jornais e pelo rádio numa série de 75 desenhos do conflito.

São imagens de terror, tristeza e desespero que desfilam pelas páginas de um pequeno caderno que passou anos quase desconhecido.

Agora, todos esses desenhos foram reproduzidos num livro e estão sendo exibidos na íntegra numa mostra aberta ontem no Centro da Cultura Judaica.

"Ele sentia uma impotência em relação a esse conflito que estava destruindo suas raízes", diz Benjamin Seroussi, um dos curadores da mostra. "Então ele se sentiu levado a criar um caderno que o deixasse engajado."

Nascido na Lituânia em 1891 e radicado em São Paulo, onde morreu em 1957, Segall nunca esqueceu suas origens e trocou cartas com artistas que ficaram na Europa durante os anos de guerra.

Seu caderno de desenhos acabou sendo um ponto de partida para obras célebres de sua trajetória, algumas delas na mostra do Centro da Cultura Judaica, como "Arame Farpado", "Campo de Concentração" e "Pogrom".

Nesta última, Segall pediu à mulher que ficasse na posição dos vários corpos amontoados, vítimas de um massacre de judeus, para que pudesse pintar a tela de 1937.

Enquanto suas telas expressionistas parecem transbordar com o horror do conflito, em traços carregados e volumes mergulhados numa paleta de cinzas e ocres, os desenhos do caderno parecem feitos no calor da hora, de linhas rápidas e febris.

É como se ele esboçasse ali um repertório para abastecer suas telas mais lapidadas. Formas como os corpos amontoados nos fornos, mães mortas e figuras em fuga se repetem nas pinturas.

"Esse tema da guerra perpassa toda a obra do Segall", diz Jorge Schwartz, diretor do Museu Lasar Segall. "Mas o caderno ainda mantém certo ineditismo." (silas martí)

LASAR SEGALL

QUANDO ter. a sáb., das 12h às 19h; dom., 11h às 19h; até 12/8
ONDE Centro da Cultura Judaica (r. Oscar Freire, 2.500, tel. 0/xx/11/3065-4333)
quanto grátis

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