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Cinema

'Paperboy' agrada em Cannes com galeria de personagens estranhos

Diretor de "Preciosa" fez poucas concessões em trama sobre repórter que tenta libertar inocente

Nicole Kidman encarna mulher que se apaixona só por prisioneiros e se masturba para racista vivido por John Cusack

RODRIGO SALEM
ENVIADO ESPECIAL A CANNES

"The Paperboy", de Lee Daniels ("Preciosa", 2009), chegou a Cannes como o menos hypado da turma americana presente no festival.

Mas a exibição do longa virou o jogo. Agora, é a grande sensação entre as obras mais comerciais do evento.

Mesmo que não seja assim tão comercial. Afinal, "The Paperboy" transforma o machão Matthew McConaughey em um jornalista homossexual, faz Nicole Kidman urinar na cabeça de Zac Efron e transforma a cantora Macy Gray em ótima atriz.

Os detalhes se encaixariam facilmente no currículo de cineastas como Pedro Almodóvar. Não é à toa que o espanhol sonhava em dirigir o longa como sua estreia nos EUA.

"Ele saiu por alguma razão normal, já que equipes mudam o tempo todo", contou Daniels, que assumiu o comando da produção.

"O livro de Peter Dexter [em que se baseia o longa] ficava na cabeceira da minha cama e decidi que investiria nele depois de 'Preciosa'."

O cineasta fez poucas concessões no filme. Os personagens continuam estranhos.

Nicole Kidman faz uma mulher que só se apaixona por prisioneiros. Efron vive um garoto em busca da própria sexualidade. John Cusack, um racista psicopata que pode pegar a cadeira elétrica. David Oyelowo interpreta o companheiro -em todos os sentidos- do promíscuo repórter de McConaughey.

"Eu conheço todos esses personagens pessoalmente", disse o cineasta, homossexual assumido. "Meu irmão esteve na prisão por homicídio, não consigo contar o número de homens brancos com que eu ficava nos anos 1990 e não podiam aparecer comigo em público, e minha irmã se correspondia com presos."

"É um filme louco", resumiu Gray, que faz uma empregada numa cidade racista da Flórida. "Zac fica de cueca durante metade do filme."

Daniels não perdeu a oportunidade de brincar: "A câmera o ama... e eu sou gay."

Já Kidman foi além. Sua personagem se masturba diante de Cusack. "Eu queria fazer algo mais cru e perigoso", disse ela. "Talvez fique desconfortável vendo o filme, mas esse é meu trabalho."

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