Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Análise

Mesmo assombrado por sucesso da edição anterior, festival não fez feio

APOSTA NOS GRANDES SE MOSTROU COMPENSADORA NA EDIÇÃO 2012

PEDRO BUTCHER
ENVIADO ESPECIAL A CANNES (FRANÇA)

O Festival de Cannes comemorou seu 65º aniversário à sombra de si mesmo. Se um espectro assombrou a edição deste ano, ele foi o próprio festival do ano passado, considerado um "triunfo" pela imprensa e pela indústria.

Três filmes de Cannes 2011 chegaram ao fim do ano com indicações ao Oscar ("Meia-noite em Paris", de Woody Allen; "A Árvore da Vida", de Terrence Malick; e o grande vencedor "O Artista", de Michel Hazanavicius).

Outros títulos da competição como "A Pele que Habito", de Almodóvar, e "Habemus Papam", de Nanni Moretti, causaram forte impacto; e Lars von Trier garantiu as doses de polêmica ao declarar, em uma brincadeira de mau gosto, que simpatizava com Hitler, incendiando a coletiva de "Melancolia".

Cannes 2012 foi um tom abaixo, mas não chegou a fazer feio. A competição trouxe pelo menos um retorno de peso: Leos Carax, "enfant terrible" do cinema francês, que não filmava um longa-metragem desde 1999 ("Pola X"), voltou em grande estilo com "Holy Motors", um filme tão belo quanto radical.

A aposta pesada em "grandes autores" se mostrou compensadora nos casos de Abbas Kiarostami, com seu opus japonês "Like Someone in Love"; David Cronenberg, com o filme-ensaio "Cosmópolis"; e Ken Loach, com a comédia "The Angels' Share", sem esquecer o inevitável Michael Haneke, com "Amour", possivelmente seu trabalho mais palatável (nem por isso menos amargo).

Entre os mais jovens, o dinamarquês Thomas Vinterberg, ausente de Cannes desde "Festa de Família" (1998), justificou sua volta à competição com o apelativo "The Hunt", aparentemente destinado a uma indicação ao Oscar de filme estrangeiro.

Já Cristian Mungiu, com "Beyond the Hills", mostrou-se um sobrevivente da passageira onda do cinema romeno, que lhe deu uma Palma de Ouro prematura em 2007 (por "Quatro Meses, Três Semanas e Dois Dias").

A seleção americana, ao contrário, foi uma aposta na renovação, com quatro estreantes na disputa: John Hillcoat, com "Lawless", Andrew Dominik, com "Killing them Softly", Lee Daniels, com "The Paperboy", e Jeff Nichols, com "Mud".

Mas a aparição do logo Weinstein Company nos créditos de "Lawless" e "Killing them Soflty" fez pensar, ao menos nesses casos, que critérios políticos e comerciais tiveram um peso maior do que o artístico.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.