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Fashion Rio confirma vocação popular

Semana de moda carioca, frequente alvo de críticas, confere carimbo de qualidade a roupa feita e vendida em massa

Pontos altos da edição encerrada no sábado foram criações de Herchcovitch, Lenny Niemeyer e da grife TNG

VIVIAN WHITEMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A edição de verão 2013 do Fashion Rio não foi das mais animadas na passarela. Resultado de um período de transição para muitas grifes. Dinheiro curto, compromisso de fazer desfile extra em outubro, questões de estrutura e imagem vindo à tona.

Mas, em épocas de crise na moda, é preciso olhar mais de perto, com mais calma. É nessas horas que ocorrem epifanias fashion.

Três desfiles ajudam a entender que o jovem Fashion Rio, evento ainda em formação, descobre seus tesouros.

Primeiro achado: Alexandre Herchcovitch e sua linha de jeans e acessórios.

Trata-se de um belo modelo de negócios. Parceria com marcas de calçados (Via Uno) e óculos (modelos bacanas, feitos e distribuídos no país com a Chilli Beans, a preços razoáveis), um notebook estampado feito com a HP. Um bom set de bolsas, grande ouro das vendas fashion. Peças com estamparia marcante e bons básicos mais neutros.

Ou seja, Herchcovitch tem sua grife principal na SPFW, mas encontrou no Fashion Rio um canal específico de difusão de sua marca. É como pensar na Marc by Marc, segunda grife de Marc Jacobs -sucesso de vendas, não de roupas complexas, mas de produtos de design esperto e que levam a marca do estilista de alguma forma. Sucesso.

Segundo achado: TNG e a combinação masculino moderninho e feminino com cara de novela. A proposta, como disse o dono, Tito Bessa, é fazer roupa do dia a dia com informação de moda. Em vez de propor algo inovador, tem a missão de dar aval fashion ao consumidor médio.

STAR SYSTEM

E nem é preciso discorrer sobre o quão influente e querido pelo público é o "star system" da Globo e de suas novelas em termos de imagem e comportamento. Grazi Massafera, Carolina Dieckmann e, agora, Isis Valverde desfilaram para a grife. Sucesso.

Terceiro achado. Reserva e seu desfile de performance, entre "flash mob" e comercial sendo encenado ao vivo. Na passarela, atores e cenários imitando uma casa retrô.

A ideia é mostrar uma família variada. O novo clã Doriana tem grávidas sem marido, casais gays e multirraciais. A roupa é um detalhe, porque o consumidor fiel da Reserva gosta mesmo é das polos, bermudas, camisetas e outros produtos com o logo de passarinho da grife.

O recado é que tem pra todos -do netinho ao vovô. Espetáculo com claque, já veio com autoaplauso e conquistou os convidados. Sucesso.

Não dá para esquecer as joias da coroa carioca: elas vêm da moda praia. Lenny e seu desfile-encontro da alta sociedade do Projac e arredores foram pura Hollywood. E a coleção abertura vintage do "Fantástico"? Teve ainda Blue Man reunindo a realeza do "beachwear" na primeira fila da plateia. Sucesso.

Há grifes diferentes no Fashion Rio. Mas o evento tem algumas características inegáveis: é feito para o público, para uma plateia local que gosta de show e atuação. É um programa social importante para muitos convidados. E cenário perfeito para validar com carimbo fashion -mesmo que alguns críticos e colegas designers torçam o nariz- a roupa feita e vendida em massa no Brasil.

Falta melhorar a moda de festa e balada, essencial no estilo carioca e em qualquer capital brasileira. Aí, deveria entrar um mix de moda ateliê e de grandes produtores.

Boas novidades e uma dose de repetição: algumas tendências, sabe-se, demoram para ser assimiladas pelos consumidores. Se abraçar essa vocação sem medo, o evento, desacreditado nos corredores, pode encontrar nova trilha... rumo ao sucesso.

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