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Edição é fiel a vanguardismo de seu autor

Pontuação econômica do original de "Brás, Bexiga e Barra Funda", de 1927, respeita estilo de Alcântara Machado

Copiosas, notas de rodapé mostram céu e inferno do volume, às vezes elucidando, noutras só empolando

DE SÃO PAULO

Neto de italianos, o jornalista João Valentino Alfredo, 45, conta que ao ler "Brás, Bexiga e Barra Funda" no fim da adolescência não entendeu direito seu vocabulário.

Passou a pesquisar autor e obra primeiro num mestrado na USP e, nos últimos seis anos, num doutorado na Universidade do Texas (EUA).

Ao fim do primeiro curso, garimpou um exemplar original do "BBBF", de 1927, e o cotejou com outras edições, percebendo então as mudanças sofridas no texto.

São alterações de palavras (leia exemplos ao lado) e na pontuação, como o acréscimo de vírgulas inexistentes.

Pode parecer detalhe, mas Alfredo sustenta que, no caso de Alcântara Machado, não é. "Ele usava a receita de pontuação do futurismo, na qual só se usa vírgula quando é estritamente necessário", conta ele, que teve acesso aos manuscritos da obra.

Ilustrada por Elifas Andreato, a nova edição está coalhada de notas de rodapé. Elas são o céu e o inferno do volume. Muitas servem para elucidar (como saberíamos que Si-Si foi um refrigerante dos anos 1920?), outras são de um didatismo irritante (explicam o que é "pequena" e "almofadinha", entre outras).

Valentino admite o exagero, justificado pela preocupação em tornar o livro acessível a um público mais jovem.

RETRATOS

Com texto panorâmico do jornalista Angelo Iacocca, "Retratos da Imigração Italiana no Brasil" traz documentos como o relatório do governo paulista sobre a entrada de imigrantes no Estado em 1894 (foram 84,7 mil italianos entre 114,7 mil estrangeiros).

Nascido em San Marco dei Cavoti, aldeia medieval no sul da Itália, Iacocca, 64, chegou rapaz a São Paulo, em 1963.

Leitor de "BBBF" e conhecedor do tema, opina que talvez tenha faltado incluir o Bom Retiro entre os bairros do título. "É lá que fica a rua dos Italianos. Conheci muito judeu que falava com sotaque italiano pela convivência."

Sua mulher, Valkiria Iacocca, é colaboradora do Museu Memória do Bexiga, no bairro homônimo, com acervo sobre a imigração italiana. Numa casa aos pedaços, o museu está fechado, segundo ela "por questões de documentação e segurança", sem previsão de reabrir. (FABIO VICTOR)

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