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'Borboleta Azul' faz viagem a Brasil rural de tempos remotos

Peça da companhia Pessoal do Faroeste foi inspirada em "O Estrangeiro", de Camus

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma imagem do Brasil rural emerge de "Borboleta Azul", novo trabalho da companhia Pessoal do Faroeste.

A peça dá ao teatro a oportunidade de se apresentar como um trampolim para tempos remotos, convidando o espectador a empreender uma viagem ao passado.

É, aliás, também o caso de "Barafonda", do grupo São Jorge de Variedades, e "Breu", de Pedro Brício, obras atualmente em cartaz na cidade.

"Quis trazer para o centro urbano o universo sertanista, seus falares, seu imaginário, seu tempo suspenso. Busquei o marasmo profundo de um silêncio de moscas", diz Paulo Faria, autor e diretor de "Borboleta Azul".

Em vez da trama rocambolesca e da estética kitsch de "Cine Camaleão", criação anterior do coletivo, que buscava o exagero e misturava teatro e cinema, a opção foi a essencialidade, os espaços vazios de um tempo que só vive nas lembranças.

Faria criou "Borboleta Azul" em 1993, quando estudava Guimarães Rosa. "Toda a poesia do sertão estava entranhada em mim", conta.

A obra foi inspirada em uma tira de jornal descrita no livro "O Estrangeiro" de

Albert Camus. A notícia fala de um homem que parte de uma aldeia para fazer fortuna. Regressa 25 anos depois para visitar a mãe, que não o reconhece e o mata para ficar com seu dinheiro.

A história se passa em Doce Riacho, uma pequena cidade que foi desapropriada para se tornar represa. Todos os habitantes do lugarejo já partiram. "Acho interessante pensar que pessoas foram obrigadas a abandonar cultura e identidade em nome do progresso." A trama apresenta a vida dos dois últimos habitantes do local, proprietárias de uma antiga pensão que aguardam o retorno de um parente.

O autor faz de sua "Borboleta Azul" uma ode ao rito de passagem. "Falo sobre o momento em que temos que abandonar a espera de um sonho para inventar outro. Matar algo para que outra coisa surja. Romper com o passado", conclui Faria. (GM)

BORBOLETA AZUL
QUANDO qui. e sex., às 19h, e sáb., às 21h30; até 1º/9
ONDE Sede Luz do Faroeste (r. do Triunfo, 301, Luz; tel. 0/xx/11/3362-8883)
QUANTO pague quanto puder
CLASSIFICAÇÃO 16 anos

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