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Crítica drama Montagem de "Macbeth" alcança êxito com narrativa compacta e cristalina LUIZ FERNANDO RAMOSCRÍTICO DA FOLHA Teatro e convenção. "Macbeth", encenação de Gabriel Villela da peça mais sombria de William Shakespeare (1564-1616), assume teatralidade bem demarcada e alcança êxito em narrativa compacta e cristalina. O general Macbeth se enreda num pesadelo. Vitorioso na guerra e insuflado pelas dúbias profecias de bruxas duvidosas, mata o rei por quem lutara e, de posse da coroa usurpada, tece uma fieira de crimes. Villela adaptou a tragédia com oito atores e reduziu as situações dramáticas. A síntese não deixou nada de essencial de fora e permitiu que desenhasse com clareza a trama narrada. A opção por mais contar do que dramatizar já aparece no início. Inspirado em outros dramas históricos de Shakespeare, o diretor cria um narrador, inexistente no "Macbeth" original, que pede ao público o apoio de sua imaginação para configurar o que se seguirá. Recursos do teatro Nô japonês, que é estruturado em convenções fixas, permitem que as ações sejam apenas sugeridas. Máscaras faciais bem delineadas, movimentos contidos e sangue vertido na forma de fiapos de lã vermelha exemplificam a economia de gestos dramáticos. A contenção extrema dos atores favorece a fruição das falas, deslocadas do puro diálogo para uma enunciação mais objetiva, que vai logo ao ponto. Colabora para isso a tradução do inglês de Marcos Daud, que evita a prolixidade poética e opta sempre pela prosa direta. O projeto de um "Macbeth" épico e rigidamente formalizado só resulta graças ao empenho de um elenco de intérpretes maduros, como Helio Cícero e Marco Antônio Pâmio, e pela entrega generosa dos protagonistas, Marcello Antony e Cláudio Fontana, este convincente como a pérfida Lady Macbeth. O "Macbeth" de Gabriel Villela dialoga de modo criativo com a rica tradição shakespeariana, além de ser uma boa porta de entrada para quem nunca assistiu a uma peça do poeta inglês.
MACBETH |
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