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Novos filmes explicitam força pop da cena francesa

País começa a enfrentar vantagens e problemas de uma grande indústria

Diretor de "A Guerra dos Botões", longa que estreia hoje, reclama da concorrência com obra baseada no mesmo livro

DE SÃO PAULO

Uma das marcas do cinemão americano é produzir filmes com temas parecidos. Quem não se lembra de "Impacto Profundo" e "Armageddon", dois longas de 1998 sobre meteoros gigantes em direção à Terra?

O cinema francês, que vive seu melhor momento comercial desde 1960, começa a enfrentar os problemas de uma grande indústria pop.

"A Guerra dos Botões", que estreia hoje no Brasil, não é apenas uma adaptação do clássico juvenil de Louis

Pergaud sobre grupos rivais de meninos em defesa da honra no interior da França, mas um remake de um longa de sucesso dirigido por Yves Robert ("Loiro, Alto e com Sapato Preto"), em 1962.

Mais: é concorrente de outra adaptação do mesmo livro, chamada "A Nova Guerra dos Botões", lançada com uma semana de intervalo.

"É ridículo. Certamente o lançamento de dois filmes baseados no mesmo livro confundiu o público e afetou a bilheteria", reclama à Folha o cineasta Yann Samuell. Seu "A Guerra dos Botões" ficou US$ 2 milhões abaixo do concorrente, rendendo cerca de US$ 11 milhões, ano passado.

A confusão, tão comum na indústria americana, não pegou bem na França.

Segundo o jornal "Le Figaro", o produtor de "A Nova Guerra dos Botões", Thomas Langmann, famoso por "Asterix e Obelix", começou a produção meses depois do adversário e teria oferecido dinheiro para Samuell parar a produção ou transformá-la em um desenho animado.

"Nada mudou para mim. Eu estava fazendo meu filme há três anos e não sai do normal. Foram eles que foram apressando, criando uma loucura. Basta ver quem ficou com as melhores críticas", alfineta o cineasta, que enfrenta também no Brasil uma forte concorrência do país natal no dia da estreia: o drama "Até a Eternidade", o filme francês mais visto de 2010.

FRANÇA POP

É impossível negar que o cinema francês, tão relacionado a longas existencialistas, está em sua fase mais pop. E não apenas por causa de Jean Dujardin e seu cão malabarista de "O Artista", vencedor do último Oscar.

A indústria cinematográfica francesa teve um aumento de 4,2% nas bilheterias em 2011 em relação a 2010, sendo 40% da renda originária de obras locais -80 milhões de ingressos vendidos.

O hit do ano passado foi "Intocáveis", comédia sobre um tetraplégico que encontra no novo ajudante outra maneira de encarar a vida.

O longa -que abre o Festival Varilux e estreia em agosto- se tornou o filme em língua estrangeira mais bem-sucedido da história, rendendo US$ 351 milhões em todo o mundo, superando "A Viagem de Chihiro" (2001).

No primeiro semestre de 2012, o mercado francês cresceu 5,4% em relação ao mesmo período de 2011 e os longas locais mostram força com 47,7% dos ingressos.

No top 10 das produções mais vistas na França em 2012, cinco delas são locais. Um filme estrangeiro, "Os Vingadores", só aparece em terceiro lugar.

A consolidação da França, o segundo país que mais exporta filmes, depois dos EUA, se explica por um modelo de equilíbrio de incentivo.

Há impostos em cima de ingressos vendidos e uma obrigatoriedade das redes de TV de investir em cinema, e o apoio do governo em cerca de US$ 1,5 bilhão (R$ 3 bilhões) também se baseia no sucesso do longa anterior do diretor ou produtor.

(RODRIGO SALEM)

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