Diretor volta a Ibsen em "A Dama do Mar"

Henrik Ibsen inseriu o homem comum no palco desejoso por incitar uma reflexão sobre seu tempo. Extraiu da cena o mundo idealizado, habitado por heróis, para promover um diálogo com espectadores sobre a realidade.

É com objetivo similar que Sérgio Ferrara retorna à Ibsen (1828-1906). Debruça-se sobre "A Dama do Mar", peça inédita na cidade, não apenas com intuito de investigar as raízes da história do teatro, mas sobretudo de promover o debate e a diversidade.

"Precisamos conversar sobre os diferentes gêneros teatrais, misturar vertentes e linguagens. Não existe teatro bom ou ruim, apenas teatro vivo e morto", afirma.

"A Dama do Mar" é a terceira montagem de Ferrara dedicada a Ibsen. Em 2008, já havia apresentado outro texto inédito, "O Imperador e Galileu", da fase romântica.

A obsessão por Ibsen começou um ano antes, quando celebrou o centenário de morte do dramaturgo norueguês com a montagem de "O Inimigo do Povo" -do período realista, em que Ibsen se aprofunda na problemática sociológica de seu tempo.

Em "A Dama do Mar", o realismo permanece, mas o mundo simbólico se anuncia pelos devaneios da protagonista Élida. A peça retrata seu embate entre a resignação da vida doméstica e a aventura com um marinheiro.

"De certa forma, Ibsen é o arauto da liberdade feminina", diz Ferrara. Com "Casa de Bonecas" e "Hedda Gabler", o dramaturgo antecipa o processo de emancipação da mulher. "A Dama do Mar" avança nesta questão.

"Se num primeiro momento as protagonistas de Ibsen conquistaram autonomia, agora elas querem buscar seus desejos mais profundos, se conciliando com o inconsciente", sintetiza. (GM)

A DAMA DO MAR
QUANDO sex., às 21h30, sáb., às 21h, e dom., às 18h; até 3/9
ONDE Teatro Nair Bello (r. Frei Caneca, 569; tel. 0/xx/11/3472-2414)
QUANTO R$ 50
CLASSIFICAÇÃO 16 anos