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Crítica Documentário

Registro de família consegue olhar além do próprio umbigo

DO CRÍTICO DA FOLHA

A produção leve e barata em suporte digital amplificou o universo do documentário, que passou a receber um fluxo de registros da esfera íntima, resgates de experiências de pequenos grupos, famílias ou trajetórias individuais.

"Constantino", de Otavio Cury, pertence, à primeira vista, a esse campo em que uma memória pessoal serve de ponto de partida, mas projeta significados muito além do umbigo. Esse recurso tem em "Santiago", de João Moreira Salles, um dos exemplos mais bem-sucedidos.

Cury parte de uma data fatídica, 11 de setembro de 2001, dia em que sua família chega de férias a Homs, na Síria, onde o cineasta descobre um livro de seu bisavô, Daud Constantino Cury, que em 1926 havia deixado o país natal e imigrado para o Brasil.

A primeira camada do relato consiste em decifrar o texto, conhecer por meio de outra língua o olhar de alguém próximo, enquanto antepassado, e contudo distante, no espaço e no tempo.

Essa decifração conduz a outras, marcadas por representações, em que Ocidente e Oriente, cristão e muçulmano, eu e outros não são excludentes e tornam-se um amálgama, compõem-se numa dobra.

Em vez de adotar uma ordem linear, fruto de uma compreensão detetivesca, "Constantino" salta entre os fragmentos, o que permite elucidar as questões centrais sem com isso diluir a força do enigma.

(CÁSSIO STARLING CARLOS)

CONSTANTINO

DIRETOR Otavio Cury
PRODUÇÃO Brasil, 2011
ONDE Cinesesc
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO bom

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