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Novo álbum do Metric discute cópia e originalidade

"Synthetica" investiga os impactos da tecnologia no dia a dia e traz participação de Lou Reed em uma faixa

IURI DE CASTRO TÔRRES
DE SÃO PAULO

A banda canadense Metric quer, mais uma vez, discutir em suas músicas o próprio mundo da música.

Após provocar muito falatório e ganhar extensas linhas na mídia especializada ao lançar "Fantasies" (2009) de forma independente, longe dos grilhões de gravadoras, o grupo traz um novo tópico em "Synthetica", que acaba de ser lançado no Brasil.

Desta vez, Emily Haines, vocalista e letrista, e James Shaw, guitarrista e compositor, miram outro horizonte -a ideia de originalidade.

Num mundo musical atualmente pautado por colagens, cópias e reciclagem -os famosos "mash-ups", usados por novatos como AraabMuzik e até por veteranos do quilate de Coldplay-, o Metric pergunta aos ouvintes: o que é real e o que é falso?

De todos os significados de "sintético", o que mais se aproxima do disco do Metric é "cujo interesse ou foco é o conjunto dos elementos, a totalidade", segundo definição do dicionário "Houaiss".

Em entrevista por telefone direto do aeroporto de Montreal, no Canadá, onde esperava o embarque para Sidney, na Austrália, Shaw falou sobre o novo álbum.

"Synthetica' foi uma palavra que surgiu no meio do processo de gravação e grudou!", conta. "Todas as vezes que tentamos pensar num jeito de não usá-la, era impossível. É uma ótima palavra para explicar o mundo 'sônico' que habitamos."

DIA A DIA

Shaw evoca também sintético como oposto de orgânico quando explica o disco. "O que é original e o que é reprodução? São pensamentos que não param de aparecer. O mundo está mudando, mas como as pessoa se sentem com isso? São coisas que estão no dia a dia de todo o mundo, principalmente a tecnologia, mas difíceis de entender se são boas ou ruins."

Mas toda a discussão não afastou o Metric da essência de sua música -um rock meticuloso com detalhes eletrônicos que casam bem com a pista de dança.

Desta vez, no entanto, o quarteto contou com uma ajuda de luxo. O cantor norte-americano Lou Reed divide os vocais com Emily na bonita "The Wanderlust".

Shaw explica que Reed era a escolha perfeita para uma canção sobre um viajante que roda todo o mundo. "Apesar das diferenças musicais, ele já viu de tudo e fez alguns dos melhores discos de rock da história", elogia.

"Synthetica" segue os passos do antecessor "Fantasies" e chega ao mercado de forma independente. Shaw explica que o Metric seguiu esse caminho para poder comandar os negócios como uma "pura e simples extensão da música."

"Músicos pensam que só precisam fazer música e que todo o resto vai dar certo, mas isso não existe mais. E, se existir, você pode ficar famoso em um minuto e acabar sem dinheiro nenhum, porque as gravadoras vão tentar tirar vantagem de você."

CENA EMPOLGANTE

O Metric começou a fazer sucesso em 2003, mesma época de outros dois grandes nomes canadenses, o grupo Arcade Fire e a cantora Feist.

São predecessores de uma novíssima geração que inclui Grimes, The Weeknd e Stars.

"A educação em música no Canadá é muito boa.", explica Shaw. "Todas essas bandas se conhecem, ninguém é competitivo -estão felizes de ver seus amigos fazendo sucesso. E isso é muito raro no mundo da música."

Leia crítica de Lúcio Ribeiro para 'Synthetica'

folha.com/no1136443

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