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Crítica show Sem voz, Gil resgata canções da prateleira dos 'greatest hits' DE SÃO PAULOA voz de Gilberto Gil não veio. E a ausência imprevista transformou a estreia paulistana de "Concerto de Cordas e Máquinas de Ritmo", o novo espetáculo do cantor, em uma batalha -tanto para o artista quanto para a plateia, que não chegou a lotar o teatro Alfa na noite de sexta. Era sofrido vê-lo na luta para se esquivar das notas que não alcançava. "Uma gripe", justificou. O esforço era evidente. Parecia até sentir dor. Mas foi justamente essa situação precária que tornou o show especial, único. Gil teve que redesenhar, de improviso, melodias inteiras. Trocou notas de lugar para poder alcançá-las e deixou tudo diferente, exclusivo, novo. A versão de "Lamento Sertanejo", por exemplo, foi arrebatadora. Dificilmente Gil a cantará de novo dessa maneira, tão trágica e sofrida. Canções mais manjadas, como "Panis et Circencis", "Andar Com Fé" e "Expresso 2222", também ganharam com a situação. O estranhamento as resgatou da prateleira de "greatest hits", onde estavam acomodadas. Mas tudo isso se deu graças à musicalidade espontânea -e espantosa -de Gil. Do outro lado, Bem Gil (violão), Gustavo Di Dalva (percussão), Nicolas Krassik (violino) e a Orquestra Sinfônica da Bahia davam frescor a temas como "Eu Vim da Bahia" e "Domingo no Parque", em arranjos épicos dos maestros Jaques Morelenbaum e Carlos Prazeres. Mas não fizeram tanto por "Saudade da Bahia" (Caymmi) e "Outra Vez" (Jobim). A apresentação carioca foi gravada e vai virar DVD em novembro. Mas show como o de São Paulo ninguém nunca mais vai ver. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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