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Crítica Comédia

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Longa é prova de que cinema copia televisão, mas faz pior

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

A Rede Globo é uma escola da vida. Graças a ela aprendemos que não devemos construir casas na encosta, que é preciso praticar esportes regularmente e nos alimentar de maneira saudável etc.. Não é só nos telejornais que a Globo pensa por nós. Também nas novelas.

O cinema nacional optou nos últimos tempos por fazer algo parecido. Disso é sólido exemplo "Até que a Sorte nos Separe". Ali, um casal modesto, sendo ele um professor de ginástica, ganha na Mega-Sena. Formidável.

Nós os encontramos 15 anos depois. Faustino, vulgo Tino, trocou o corpo esbelto por uma pança quilométrica. A doce Jane tornou-se uma perua insuportável e cafona. Claro, são tão perdulários quanto vulgares.

Seu vizinho é Amauri, um consultor financeiro que vive fazendo contas, inclusive para convencer a mulher, Laura, a não terem outro filho, pois seria muito caro etc. e tal. Amauri é o oposto de Tino: um poço de razão.

Suas histórias se constroem em paralelo, já que Tino e senhora caminham irremediavelmente para a ruína, enquanto Amauri é convocado a reerguer-lhes as finanças.

O ensinamento é tão claro quanto o direcionamento do filme: a chamada classe C.

É como se o filme nos dissesse, à maneira consagrada pela Globo: agora que você conseguiu emprego (ou aumento) trate de não desperdiçar, poupe, se organize, se possível invista o que sobrar. Um guia de vida...

E assim vai "Até que a Sorte nos Separe": com personagens chulos compondo um roteiro que avança de clichê em clichê, enquanto a direção leva os atores a reproduzir o estilo de interpretação da TV (caricatural).

Ao fim do filme, não se pode dizer que nada interessa. Há uma boa "gag": quando Tino retira uma máscara de gás de um doente, num hospital, para uso próprio. Não se pode dizer que seja muito.

Há algum tempo podia-se dizer que a TV copiava procedimentos do cinema. Hoje o cinema (ao menos este, imposto como popular) copia a televisão. E, o que é mais indecoroso, faz pior do que a TV.

ATÉ QUE A SORTE NOS SEPARE

DIRETOR Roberto Santucci
PRODUÇÃO Brasil, 2012
ONDE Anália Franco UCI, Eldorado Cinemark e circuito
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO ruim

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