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Vila Mariana 'espicha', e novo desenho divide a vizinhança

Expansão imobiliária e ampla oferta de serviços dão novas feições ao distrito da zona sul

A região vem perdendo o clima de cidade do interior, mas continua adorada por antigos e novos moradores

DANIEL VASQUES
DE SÃO PAULO

Quem mora na Vila Mariana adora. E dá os motivos: o distrito tem de tudo e ainda um clima de "cidade do interior". Mas, com a expansão imobiliária e a verticalização, a vila tem cada vez menos cara de vila, levando o morador a se acostumar a viver cercado de concreto.

A aposentada Odete Ferrari, 74, dá as boas-vindas aos novos empreendimentos, mesmo sendo moradora de uma "casa de vila", em uma rua estreita e cuja calçada chega a ter em torno de um metro de largura.

"Em frente à minha casa, havia um matagal. Agora, há um edifício. Acho ótimo que venham prédios, para deixar o local mais bonito", diz.

O gerente comercial Tiago Silva, 29, que mora e trabalha na Vila Mariana, diz-se descontente com o processo de verticalização: "A bonita estética do bairro, com suas pequenas casas antigas, vem se perdendo. As construtoras derrubam tudo".

Dono de uma banca de jornal, Flavio Derolesi, 61, sempre viveu na vila e reclama da falta de intimidade entre os novos e os antigos vizinhos.

"O morador dos novos edifícios nem conhece quem mora perto. Quando vai ao comércio, compra perto de onde trabalha, não no bairro."

O artista plástico Felipe Yung, 34, que foi criado no distrito, decidiu deixar a Vila Mariana depois de seu aluguel subir cerca de 50% em três anos. Mas manteve seu ateliê na região. Ele diz que ama a tranquilidade das ruas, mas que "as casas estão dando espaço para prédios feios e apertados".

A urbanista e diretora-executiva do movimento Defenda São Paulo, Lucila Lacreta, diz que a verticalização seria bem-vinda se ocorresse de forma planejada, "não a esmo".

Segundo ela, a derrubada indiscriminada das 'casinhas' acaba com a identidade do local e reduz os espaços públicos, devido à ocupação de grandes terrenos por prédios. "É um pseudocrescimento, pois ocorre sem qualidade urbanística."

Antonio Setin, presidente da construtora Setin, vê benefícios na verticalização, como a chance de "aproveitar melhor o espaço": "Ninguém gosta de viver isolado. Acho egoísmo pensar em uma cidade horizontal".

De acordo com a série DNA Paulistano, pesquisa realizada pelo Datafolha, a Vila Mariana é o distrito com os moradores mais satisfeitos, e 70% deles vivem em apartamentos, o segundo maior índice na zona sul.

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