São Paulo, domingo, 05 de julho de 2009

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ALÉM DA LINHA VERMELHA

Convivência "de interior" entra nos prédios

Condomínios refletem perfil de interação entre moradores, que valorizam lazer e cozinhas mais espaçosas

DA REPORTAGEM LOCAL

Quem segue pela Radial Leste rumo a Itaquera tem pela frente quilômetros de horizonte quase aberto. Bairros residenciais de casas e sobrados margeiam boa parte do trajeto.
Mas os prédios residenciais, que antes podiam ser contados, passaram a ser mais frequentes e constituem condomínios com diversas torres e unidades que custam mais de R$ 350 mil.
A troca de cenário se relaciona ao perfil dos moradores da região: acostumados a conviver no espaço público, valorizam o conceito de condomínio-clube.
"É um pessoal muito tradicional, que gosta de conviver em família. Você não pode economizar em espaço para cozinha e lugares de refeições", afirma Ricardo Laham, diretor de incorporação da Brookfield.
E quem nasceu na zona leste geralmente é apegado a ela, o que se reflete nos estandes. Quase 50% dos compradores das 104 unidades de um lançamento da incorporadora Yuny na Vila Carrão em junho moram no entorno, em um raio de 1 km do empreendimento.
"As pessoas da região são extremamente bairristas", afirma Fábio Romano, diretor de incorporação da Yuny. "Ter um clube com segurança e manter a área como a de uma casa são os atrativos", pontua.
Dentre os compradores de novas unidades, é interessante perceber uma diferença em relação àqueles que hoje buscam o centro do Tatuapé.
"O Tatuapé se tornou um núcleo bastante metropolitano, o perfil é diferente de quem vai para os arredores da Vila Carrão, à procura de uma vida mais familiar", afirma Eduardo Zaidan, do SindusCon-SP.
Se as grandes áreas de lazer atraem famílias com filhos pequenos, também atendem ao zoneamento da região. Boa parte das áreas residenciais se divide entre locais de média (com construção máxima de duas vezes e meia o tamanho do lote) e baixa (construção de uma vez o tamanho do lote) densidades.

Integração
Novos empreendimentos nas divisas entre distritos de menor e de maior valor agregado devem mudar as características da região como um todo.
O Belém foi menos explorado por não ser um trecho de muitos residenciais, justificam especialistas. Mas, com a transformação da Febem em parque, a cara do bairro está mudando.
Entre a parte famosa do Tatuapé, ao lado da Radial Leste, e a marginal Tietê, o cenário se repete. A parte que antes não era reconhecida como bairro residencial muda de cara com novos empreendimentos.
"É uma região de bom acesso e em transformação", diz Silvio Chaimovitz, diretor de incorporação da Klabin Segall. "Um lançamento de bom nível traz crescimento para o entorno."
A construção de condomínios de preços mais altos, mas que ainda cabem no bolso -em comparação a trechos já mais encarecidos, como o bairro de Anália Franco-, deve valorizar também os lotes dessas regiões.
O consultor Celso Amaral diz que a área ainda tem exploração incipiente e é oportunidade de investimento, não só para quem precisa de moradia.
Especialistas apostam na expansão dos limites entre Tatuapé, Anália Franco e Mooca. (CC)


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